sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Redação Pragmatismo MERCADO 31/JAN/2014 As mentiras e o dinheiro da indústria farmacêutica Indústria farmacêutica, mentiras e muito dinheiro. Confira lista de remédios cujos riscos não impediram que seus fabricantes fossem autorizados a colocá-los a venda

Quando um medicamento causa efeitos colaterais, esta informação muitas vezes não é exposta durante anos, o que permite à indústria farmacêutica continuar ganhando muito dinheiro.
O Food and Drug Administration (FDA) [órgão governamental dos EUA para alimentos e medicamentos] e a indústria farmacêutica argumentam que os efeitos colaterais perigosos em uma droga só aparecem quando é usada por milhões de pessoas – e não no grupo relativamente pequeno de pessoas que fazem testes clínicos. Mas existe outra razão pela qual os consumidores acabam sendo cobaias. Os remédios são levados apressadamente ao mercado, após um período muito curto (de apenas seis meses) para que a indústria possa começar a ganhar dinheiro, enquanto a segurança ainda está sendo determinada.
Tanto a droga para os ossos Fosamax, repleta de riscos, quanto a analgésica Vioxx, ambas da indústria Merck, foram ao mercado após seis meses de revisão. No caso da Vioxx, isso ocorreu porque “o medicamento potencialmente provia uma vantagem terapêutica sinificativa sobre outras drogas já aprovadas”, disse a FDA.
Obrigado por isto. E cinco drogas (TrovanRezulinPosicorDuract e Meridia), que entraram no mercado em 1997 por pressões da indústria e do Congresso sobre a FDA, diz a PublicCitizen, foram em seguida retirados.
Abaixo, algumas drogas cujos riscos não impediram que seus fabricantes fossem autorizados a colocá-las a venda e exercer seu “valor de patente”.
1. Singulair
Você imaginaria que a Merck aprendesse, após os problemas com Vioxx e a Fosamax, que marketing agressivo pode esconder apenas por algum tempo os riscos emergentes das drogas. Mas não. Para vender o Singulair, sua droga contra asma e alergias para crianças, a indústria fez uma parceria com Peter Vanderkaay, o nadador medalha de ouro nas Olimpíadas, com acadêmicos e com a Academia Norte-americana de Pediatras – mesmo após a FDA advetir sobre os “eventos neuropsiquiátricos” do medicamento, incluindo agitação, agressão, pesadelos, depressão, insônia e pensamentos suicidas.
Enquanto a Merck fazia a propaganda do Singulair (que vem em fórmula mastigável e com gosto de cereja), com slogans como “Singulair é feito pensando nas crianças”, a Fox TV e mais de 200 pais relataram, no site askapatient [“pergunte a um paciente”] que suas crianças, ao tomar o remédio, exibiam humor alterado, depressão e déficit de atenção (ADHD), hiperquinesia e sintomas suicidas. Cody Miller, um garoto de 15 anos de Queensbury, Nova York, tirou sua própria vida dias após tomar o medicamento, em 2008. Ainda assim, o Singulair arrecadou 5 bilhões de dólares para a empresa, em 2010. Após sua patente expirar, em 2012, a Administração de Bens Terapêuticos da Austrália (equivalente à FDA ou à Anvisa) reportou 58 casos de eventos psiquiátricos adversos em crianças e adolescentes, primariamente pensamentos suicidas. Quem sabia?
2. Zyprexa
Como vender uma droga que provoca ganho de peso de cerca de 10kg, em 30% dos pacientes, chegando até 45kg, em alguns? Enterrando seus riscos. O antipsicótico Zyprexa era a nova aposta da Eli Lilly, depois de seu antidepressivo campeão de vendas Prozac – mesmo que o laboratório soubesse, já em 1995, de acordo com o New York Times, que a droga está ligada a um ganho de peso incontrolável e até diabetes. Os efeitos colaterais do Zyprexa de “ganho de peso e possível hiperglicemia fazem um grande mal ao sucesso de longo prazo desta molécula criticamente importante”, havia escrito Alan Breier, da Lilly, segundo documentos obetidos pelo jornal. Mais tarde Alan tornou-se médico-chefe da empresa.
Mesmo após a Lilly ter pagado multas, após acusada de ocultar informações sobre a relação entre a droga e altos níveis de açúcar no sangue ou diabetes (e de ter comercializado ilegalmente a droga para pacientes com demência), o Zyprexa rendeu 5 bilhões de dólares em 2010, acima até do Prozac. Quem disse que crime não compensa? O Zyprexa foi especialmente comercializado para os pobres e virou um dos medicamentos principais do Medicaid, o programa público de saúde norte-americano, extraindo pelo menos 1,3 bilhões de dólares do orçamento do país, só em 2005. Em 2008, a empresa estabeleceu um acordo para cobrir o custo dos pacientes do Medicaid que desenvolveram diabetes após usar a Zyprexa. Como raposa vigiando galinheiro, a Lilly ofereceu um “serviço gratuito” para “ajudar” os estados a comprar drogas como a Zyprexa para doenças mentais — e vinte deles aceitaram a oferta. A patente do remédio acabou em 2012.
3. Seroquel
O antipsicótico Seroquel, produzido pelo laboratório AstraZeneca, do Reino Unido, tornou-se um dos medicamentos mais vendidos nos EUA, arrecadando mais de 5 bilhões de dólares em 2010, apesar de seus riscos, frequentemente relatados. O remédio foi comercializado tão vastamente para crianças pobres que, em 2007, o Departamento de Justiça para a Juventude da Florida comprou duas vezes mais Seroquel que Advil. Sua elevada aquisição no serviço militar, para usos não aprovados — como para estumular o sono e para distúrbio de estresse pós-traumático (PTSD) — também foi espantosa. Relatos de mortes repentinas de veteranos que utilizavam a droga emergiram quando as compras do Seroquel pelo Departamento de Defesa dos EUA cresceram 700%.
Poucos meses após a aprovação da Seroquel, em 1997, um artigo no Jornal de Medicina de Dakota do Sul já levantava questões sobre a interação perigosa da droga com outros onze medicamentos. Passados três anos, pesquisadores da Cleveland Clinic questionavam o efeito da Seroquel na atividade elétrica do coração. Mas mesmo quando as famílias de veteranos falecidos prestaram testemunhos em audiências no FDA, em 2009, e exigiram respostas de dirigentes e legisladores, o órgão protegeu a empresa. Depois, em 2011, com pouco alarde, o FDA emitiu novos avisos que confirmavam as notícias devastadoras: tanto o Seroquel quanto sua versão estendida, que fora lançada, “deveriam ser evitados” na combinação com pelo menos outros 12 remédios. A droga também deveria ser evitada pelos idosos e pessoas com doenças cardíacas, por causa de seus claros riscos ao coração. Ops… A patente expirou no ano seguinte.
4. Levaquin
Os antibióticos à base de fluoroquinolona estão entre os mais vendidos. Muitas pessoas lembram-se do Trovan (na época dos ataques com antrax, logo após o 11 de setembro), mas a indústria farmacêutica espera que não nos lembremos de que foi retirado de circulação por causa de danos ao fígado, e do Raxar, removido por causar eventos cardíacos e morte súbita. O Levaquin, da Johnson & Johnson, igualmente baseado em fluoroquinolona, foi o antibiótico mais ventido nos EUA em 2010, com receitas acima de US$1 bilhão por ano — mas agora é tema de milhares de processos.
Em 2012, um ano após a patente do Levaquin expirar, uma enxurrada de efeitos colaterais começou a emergir, sobre este medicamento e toda a classe de fluoroquinolonas, lançando dúvidas sobre sua segurança. A revista da Associação Médica Norte-Americana relatou que, de 4.384 pacientes diagnosticados com descolamento de rotina, 445 (10%) foram expostos a fluoroquinolone no ano anterior ao diagnóstico. A Revista de Medicina da Nova Inglaterra relatou no mesmo ano que o Levaquin estava ligado a um risco crescente de morte cardiovascular, especialmente morte súbita por distúrbios no ritmo cardíaco.
Embora a FDA tenha alertado sobre as rupturas de tendão — especialmente os tendões de Aquiles — provocadas por fluoroquinolonas em 2008, e adicionado uma tarja preta de advertência na embalagem, novos avisos graves foram feitos dois anos após o fim da patente do Levaquin. Em 2013, a FDA advertiu sobre o “efeito colateral sério de neuropatia periférica” — um tipo de dano nos nervos no qual as vias sensoriais são prejudicadas — nas fluoroquinolonas. Neuropatias periféricas causadas por esta classe de antibióticos podem “ocorrer logo após a administração destas drogas, e podem ser permanentes”, alertou a ageência. Fluoroquinolonas também estão ligadas aoClostridiumdifficile, também chamado de C. Diff, um micróbio intestinal sério e potencialmente mortífero.
5. Topamax
Antes de sua patente expirar, em 2009, a droga Topamax deu à Johnson & Johnson um bilhão de dólares por ano, e foram mais US$ 538 milhões depois disso. O remédio foi tão preferido, para condições de dor no serviço militar, que recebeu o apelido de “Stupamax” – uma referência à maneira com que diminuia os tempos de reação e prejudicava a coordenação motora, a atenção e a memória, de acordo com o ArmyTimes. Não era muito bom para o combate…
Um ano antes de cair a patente do Topamax, a FDA alertou que ela e outras drogas estão correlacionadas com suicídios, e pediu a seus fabricantes para adicionar avisos na caixa. Quatro pacientes usuários da droga mataram-se, contra nenhum sob placebo, declarou a FDA após rever os testes clínicos. Já em 2011, o órgão anunciou que o Topamax pode causar defeitos de nascimento nos lábios, nos bebês de mães que ingerem a droga. “Antes de começar com o topiramato, grávidas e mulheres em idade fértil devem discutir outras opções de tratamento com seu profissional de saúde”, alertou o FDA, mas isso não impediu o órgão de aprovar uma nova dieta de medicamentos contendo o genérico do Topamax, em 2012.
6. Oxycontin
Oxycontin, do laboratório Purdue Pharma, é a avó de drogas que geram muito dinheiro, apesar de seus efeitos colaterais letais. Junto de outros opióides, ele causou o número assutador de 17 mil mortes no ano passado — quatro vezes mais que em 2003. “O aumento [no uso] foi alimentado em parte por médicos e organizações de defesa de analgésicos, que recebiam dinheiro de empresas e faziam alegações enganosas sobre a segurança e a efetividade de opióides — inclusive afirmando que o vício é raro”, relatou o Journal Sentinel. A Sociedade de Geriatras Norte-Americanos usou pesquisadores ligados à indústria farmacêutica para reescrever guias clínicos em 2009, diz a publicação. Após reescritos, eles especificavam opióides para todos os pacientes com dor moderada a severa
Devido a sua fórmula, que lhe permite agir por um longo período, pensou-se que o Oxycontin teria toxidade e potencial de provocar dependência reduzidos – ao menos até seus efeitos tornarem-no mais popular que a cocaína nas ruas (todos os 80mg de pílulas podíam ser tomados de uma vez). Em 2010, respondendo aos vícios, overdoses e mortes associadas à droga, a Purdue Pharma desenvolvou um Oxycontin inviolável, e, dois anos depois, passou a pressionar por leis que exigissem inviolabilidade de todos os opiácios. A empresa garantiu que sua maior preocupação era a saúde pública, mas muitos se perguntaram sobre o porquê desta preocupação só se revelar às vésperas do fim da patente da droga, em 2013…
Martha Rosenberg, Outras PalavrasTradução: Gabriela Leite


sábado, 25 de janeiro de 2014

CORRRÊIO DO POVO Porto Alegre, 25 de Janeiro de 2014 Esclarecimentos sobre a Direita Miami Postado por Juremir em 25 de janeiro de 2014

O mais comum é que cada personagem não tenha consciência da sua personalidade. O Brasil vem sendo dominado, na classe média e na mídia, por um tipo muito especial, o lacerdinha, representante da direita Miami.
É um pessoal que se acha sem ideologia, pois, para o lacerdinha autêntico, ideologia é coisa de esquerdista comedor de criancinha. À direita Miami acredita que todo esquerdista é comunista de carteirinha e que sonha com uma sociedade no modelo da Coréia da Norte.
O ideal da direita Miami é comer hambúrguer na Flórida, visitar a Disney todos os anos, ler a Veja, ver BBB, copiar e colar artigos de colunistas que falam todo dia da ameaça vermelha – e não é o Internacional nem o América do Rio -, esbaldar-se em shoppings sem rolezinhos, salvo de patricinhas e mauricinhos, e denunciar programas governamentais, exceto de isenções de impostos para ricos, como esmolas perigosas e inúteis.
À direita Miami tem uma maneira curiosa de raciocinar.
– Se você é esquerdista, por que vai à Europa?
– Não entendi a relação – balbucia o ingênuo.
– Se você é esquerdista, por que tem plano de saúde?
À direita Miami contabiliza as mortes produzidas pelo comunismo, no que tem razão, mas jamais pensa nas mortes produzidas pelo capitalismo no passado e no presente. Mortes por fome falta de condições sanitárias e doenças evitáveis não impressionam os lacerdinhas. Não parece possível à direita Miami que se possa recusar o comunismo e o capitalismo brasileiro. A social-democracia escandinava, por exemplo, não chama atenção dos sacoleiros de Miami. É uma turma que quer muito Estado para si e pouco para os outros. De preferência, muito Estado para impedir greves, estimular isenções fiscais para grandes empresas e reprimir movimentos sociais.
O mais curioso na direita Miami é que, embora defenda o Estado mínimo na economia, salvo se for a seu favor, gosta de Estado robusto em questões morais como consumo de drogas e de sexualidade, aquelas que, mesmo criticando, costuma praticar e exigir tratamento diferenciado quando o Estado flagra algum dos dela em conflito com a lei. À direita Miami fala ao celular, dirigindo, sobre a sensação de impunidade no Brasil e, se multada, denuncia imediatamente a indústria da multa.
A direita Miami é contra cotas, Bolsa-Família, ProUni e todos esses programas que chama de assistencialistas e eleitoreiros. Vive de olho no impostômetro e, para não colaborar com a excessiva arrecadação dos governos, faz o que pode para sonegar o que deve ao fisco. Roubar do Estado que gasta mal lhe parece um dever moral superior.
Um imperativo categórico.
À direita Miami vive denunciando Che Guevara, mas nunca fala de Pinochet. Se der uma melhorada na economia dos camarotes, pode torturar e matar. As vítimas são esquerdistas mesmo. À direita Miami adora metrô em Paris, quando vai até lá, apesar de achar que tem muito museu chato e pouco shopping bacana, mas é contra estação de metrô no seu bairro. Tem medo que atraia “marginais”. A última moda da direita Miami é o sertanejo universitário. Quanto mais a tecnologia evolui, mas a direita Miami se torna primária. O que lhe falta, resolve com silicone.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O DILEMA

          Passeando um dia desses pelas chamadas redes sociais encontrei uma história no mínimo interessante.
            Certo político, de uma determinada região do nosso Brasil estaria sofrendo uma terrível pressão, mas bota pressão nisso para que tomasse uma determinada atitude. Qual seria essa atitude? Agora vejam vocês. Seus companheiros de grupo político lhe pediam encarecidamente que ele NÃO pedisse voto de maneira nenhuma para os candidatos do seu grupo nas eleições para deputado estadual, federal, senador, governador e até para presidente que acontecem nesse 2014 e até pedisse voto para os adversários (vejam só), dada a sua digamos extraordinária rejeição. Agora se estabelece o dilema. Caso ele não atenda aos pedidos de seus correligionários estaria tirando votos do seu próprio grupo. Caso atendesse aos apelos daria um atestado de incompetência política extraordinária. Pergunto a todos. Que atitude deveria tomar esse político? Atenderia aos pedidos? Ou se queimaria definitivamente?
            A esse fato é que dou o nome de dilema. O dá ou desce. Desculpem, mas não resisti.



UM ABRAÇO.



PROFESSOR FUMAÇA GENRO.

sábado, 18 de janeiro de 2014

A PÁTRIA DE CHUTEIRAS. EU HEIN!

UM TEXTO JÁ PUBLICADO, MAS QUE VALE A PENA LER DE NOVO, NADA A VER COM A GLOBO.


            Como sou um apaixonado pelo futebol e assisto tudo do campeonato Português ao Russo e outras preciosidades e entrevistas assisti Felipão. E ele não se emenda. Passam os anos ele continua misturando a seleção com a pátria o que com todo respeito é sonora besteira. Ontem na sua entrevista coletiva pós-jogo falou de uma TV que divulgou ser o Brasil o mais faltoso entre os times da competição.  Eu pergunto. E daí Felipão! Imprensa não dever ter lado no futebol ou em qualquer outra atividade. Ela tem e deve informar a verdade. Ele na sua visão obscurantista deve pensar que ninguém pode criticar a seleção em nada, tudo tem de ser a favor. Pelo amor de Deus Felipão vá te catar. A TV ele não diz o nome, é a ESPN que realmente crítica e não se deixa comprar como outras que existem por ai que defendem a FIFA, a CBF o Marin e defendiam o João Havelange, o Ricardo Teixeira e outras peças dessa corja. A ESPN mostra a verdade e faz reportagens como uma premiada chamada “MEMÓRIAS DE CHUMBO” que mostra de maneira fantástica e comovente o envolvimento do futebol, com as ditaduras do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, é uma rede que incomoda os poderosos do futebol o que convenhamos só por isso merecia uma medalha. O Felipão em sua equivocada visão de patriotismo mistura tudo, claro a seu favor. Esse meu conterrâneo é uma pessoa esforçada, sem nenhuma evolução futebolística ou política em sua vida. Pode ser campeão. Claro que pode. Azar do futebol. Vou torcer contra. Claro que não, mas não misturo futebol e pátria. Patriotismo para mim são aqueles trabalhadores e trabalhadoras desse país que exercem sua função de maneira honesta, muitas vezes passando por coisas extremamente difíceis, como transporte, violência e salários aviltados e muitas e muitas outras que se fossemos falar teríamos um longo e triste assunto pela frente.
            Daqui da nossa Diamantino no médio norte do Mato grosso mando um abraço a todos da ESPN pedindo que eles continuem nessa batida, nessa maneira de exercer seu trabalho dando chance de todos nós brasileiros sabermos as verdades que existem e outras redes não divulgam por interesses que não são os interesses da maioria da população, que não são do interesse dos verdadeiros patriotas. Sei que esse meu texto não vai chegar até eles da ESPN, não importa. Se algumas pessoas que acessam meu blog lerem para mim já está muito bom.

UM ABRAÇO.

PROFESSOR FUMAÇA GENRO.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Deixar de ser racista, meu amor, não é comer uma mulata! Considerações sobre elogios racistas Por Charô Nunes para as Blogueiras Negras

Elogio racista é toda demonstração de admiração, afetividade ou carinho que se concretiza por meio de idéias ou expressões próprias ao racismo. Com ou sem a intenção de, que fique bem claro. Um dos mais conhecidos é o famoso “negro de alma branca” que nossos antepassados tanto ouviram. Mas não são apenas nossos homens que conhecem muito bem os elogios racistas. Nós mulheres negras também somos agraciadas com esses pequenos monstrinhos, usados inadvertidamente por amigxs, familiares. Muitas vezes até por nossos parceirxs.
Decidi fazer uma lista com 5 elogios racistas (e sexistas, diga-se de passagem) que muitas de nós escutamos quase que diariamente. Alguns são consenso, acredito. Outros nem tanto. Fico aguardando ansiosa para que você, mulher negra, deixe seu comentário dizendo se também acontece com você. Se concorda, se discorda. E, sobretudo, o que você faz para deixar bem claro que o elogio racista pode ser tudo, menos bem-vindo e apreciado.
01. “Você é uma morena muito bonita”
Esse é o elogio racista que mais escutei em toda minha vida. Minhas primeiras lembranças são do tempo da escolinha. Mesmo mulheres como Adriana Alves ainda são chamadas de morenas, pois se acredita que chamar alguém de negra é uma ofensa racial. Se você precisa se expressar, tente um simples “você é bonita ou atraente”. Ou ainda “você é uma negra linda”, o que, dependendo do contexto pode ser tão ruim quanto.
Mas em hipótese alguma diga que uma negra é morena, moreninha, morena escura. Que não é negra. Isto sim é racismo dos graúdos, pura e simplesmente. Quando acontece comigo, digo que não sou morena e nem moreninha, sou n.e.g.r.a. O bom é que, dependendo de como essa resposta é dada, a pessoa já se toca que ela não deveria ter começado o conversê, que simplesmente não estou disponível para esse tipo de diálogo. Nem com conhecidos, muito menos com estranhos.
02. “Seu cabelo é muito bonito, posso pegar?”
Há alguns anos atrás, uma senhora ultrapassou todos os limites de uma convivência pacífica ao se aproximar de mim, cheia de dedos, me tocando sem permissão e dizendo que eu tinha uma “peruca muito bonita”. Não retruquei de caso pensado, antecipando seu constrangimento por jamais ter cogitado que uma mulher negra pudesse ter um cabelo comprido, ao natural. Minha vingancinha, e sou dessas, foi olhar aquela expressão de arrependimento por ter percebido o que fez.
Entendo que simples visão de uma negra com cabelo natural pode ser inebriante. Que persiste a completa desinformação sobre o nosso cabelo. Porém, isso não justifica o toque sem permissão. Não importa se é cabelo natural ou não. A menos que você conheça muito bem a pessoa, não toque em seu cabelo sem consentimento. Eu iria mais longe. Para mim a boa etiqueta simplesmente reza que não se deve nem mesmo pedir para tocar o cabelo de uma pessoa desconhecida.
03. “Você tem os traços delicados”
Dizer que uma negra tem traços “delicados” muitas vezes tem a ver com a ideia de que será bonita se tiver uma expressão “fina”, leia-se semelhante à de uma pessoa branca. Como se determinado tipo de nariz (ou bochechas) fosse exclusivamente dessa ou daquela etnia. Uma de suas variantes é outra expressão igualmente racista – “você é uma mulher negra bonita” – algo que a meu ver é a mesma coisa de dizer que “você é bonita para uma negra”.
Afinal, qual a dificuldade de dizer que uma mulher negra simplesmente é… Uma mulher bonita? Porque Alek Wek tem de ser descrita como uma “mulher negra bonita” enquanto as mulheres brancas são apenas “mulheres bonitas”? Mais uma vez, toda a sutileza do elogio racista. Ele reconhece que você é uma pessoa admirável, mas sempre fazendo questão de te colocar “no seu lugar”, como se algumas fronteiras jamais pudessem ser cruzadas.
04. “Você tem a bunda linda”
Essa é uma opinião que certamente não é unânime. Faço questão de expressá-la como uma provocação que representa o pensamento de uma parcela significativa de mulheres negras. Para muitas de nós, esse comentário expressa a hipersexualização a que somos historicamente submetidas como exemplifica a triste biografia de Saartjie, denominada a Vênus Hotentote, exposta como atração circense em função da admiração que suas nádegas causaram na Europa do século XIX.
Apesar de todo respeito que tenho por tudo aquilo que acontece entre duas pessoas, preciso considerar a tradição racista secular desse tipo de discurso. Trata-se de reduzir a mulher a um pedacinho do seu corpo, desconsiderar sua humanidade, transformá-la num pedaço de carne exposto no açougue como aconteceu e acontece diariamente. Meu conselho é pergunte antes se a mulher a quem você pretende cumprimentar tem a mesma leitura desse tipo de elogio.
05. “Você é uma mulata tipo exportação!”
Esse elogio ainda o tratamento dispensado à mulher negra no seio da senzala, da casa grande. O pensamento que nos reduz em brinquedos sexuais. Dizer que uma mulher negra é uma “mulata tipo exportação” é esquecer uma tradição escravocrata secular, que transforma a mulher negra em “peça” que alcançará boa cotação no mercado onde a carne mais barata é a nossa. O nome desse mercado é exotificação. Em alguns casos, hiperssexualização.
Infelizmente também estamos falando sobre o modo racista com que as mulatas de escola de samba, mulheres que respeito e admiro, são mostradas e consumidas. Mulheres que levam o samba no pé, no sorriso, na raça. Que, ao invés de ser uma referência de beleza, são vendidas como frutas exóticas na temporada do carnaval. Mulheres que recentemente tem sido preteridas por “personalidades da mídia” em nome de uma pretensa “democracia racial” e muitas vezes com a anuências de algumas agremiações.
Qual é a sua opinião?
Porém, preciso dizer que os elogios racistas podem (e devem)  subvertidos. Quando o assunto são as mulatas de quem já falei aqui, isso é bastante evidente. Ser uma mulata exportação também atesta um padrão de excelência e traduz qualidades como perseverança, força. Minha professora de dança adora dizer que a graça de uma bailarina é diretamente proporcional à sua força. Mulatas é a expressão mais concreta desse enunciado.
Por isso fiz questão de usar como título desses post, um trecho do poema de Elisa Lucinda, Mulata Exportação, que resume tudo o que tentei dizer até aqui: “deixar de ser racista, meu amor, não é comer uma mulata” como muita gente gosta de pensar. E acrescento, “opressão, barbaridade, genocídio, nada disso se cura trepando com uma escura!”Muito menos tecendo elogios racistas, diga-se de passagem. Quem o diz é a mulata exportação do poema. Sou eu, somos todas nós que já ouvimos essas porcarias.
Confesso que essa lista tem algo de muito pessoal, cujas entrelinhas têm muitas dedicatórias alimentadas por ironia. Nem por isso menos pertinente. Por isso adoraria ouvir a opinião de vocês. Esqueci algum elogio racista que te incomoda? Que te fez espumar de ódio, revirar os zóios e dizer algumas verdades? Você também acredita que esse tipo de comentário, como tudo aquilo que é racista e preconceituoso, diz muito sobre a pessoa que o faz do que sobre a pessoa a quem se destina?
Me conta!
Update – Para aqueles que quiserem entender porque é tão ofensivo tocar em nossos cabelos, recomendo a leitura de Carta aberta sobre aos que põe as mãos sobre cabelos afro.

Acompanhe nossas atividades, participe de nossas discussões e escreva com a gente.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Bem vindos ao Brasil colonial: a mula, a mulata e a Sheron Menezes- retirado do blog www.blogueirasnegras.org. por Mara Gomes • em 02 Jan, 2014 •

Nossos irmãos estão desnorteados
Entre o prazer e o dinheiro desorientados
Mulheres assumem a sua exploração
Usando o termo mulata como profissão
É mal.. (Chegou o Carnaval, Chegou o Carnaval)
Modelos brancas no destaque
As negras onde estão?
Desfilam no chão em segundo plano
Pouco original mais comercial a cada ano
O carnaval era a festa do povo
Era…mas alguns negros se venderam de novo
Brancos em cima negros em baixo
Ainda é normal, natural, 400 anos depois (…)
Bem vindos ao Brasil colonial e tal…”
Voz Ativa, Racionais Mc’s.
Deve-se enegrecer/esclarecer a questão apresentada no verso dessa música que afirma que a mulher assume a sua exploração; é possível, sim, que ela assuma, mas não se trata de uma escolha deliberada ou livre, pois não existe escolha pura em uma sociedade onde as mulheres antes de se colocarem, ou se perceberem no mundo como indivíduos, são diretamente associadas a objetos para saciar o desejo masculino. Principalmente a mulher negra, que “assume” esse papel desde o tempo da escravidão até os dias de hoje. Logo, com essa questão resolvida, vamos ao trabalho árduo de pensar sobre o papel da mulher negra na mídia brasileira.
Acompanhando recentemente o concurso para eleger a nova Globeleza (mulher que deve representar a rede Globo no carnaval como a famosa “mulata” ícone do carnaval), tive duas reações primárias: primeiro me surpreendi com o número grande de negras na televisão, porque é algo que não acontece sempre e,segundo, percebi a total sexualização dos seus corpos, que se acentuou com a foto divulgada no instagram da atriz negra Sheron Menezes, onde ela exibe as mulheres de costas, apenas com a bunda em destaque quase como um troféu, como se a mulher só fosse isso: um corpo pra ser usado.
Alguns disseram: que bom, enfim o negro está adentrando a televisão. Outros, não ingênuos e mais acostumados com as artimanhas da rede Globo, não acharam algo tão bom assim. Porque, infelizmente, a mulher negra só aparece na televisão em dois momentos: ou é escrava/doméstica, ou é mulata no carnaval e nas duas visões ela está sendo colocada a serviço do homem branco. É bom que conheçam a raiz desse termo “mulata” e saibam que ele não é bom como muitos pensam. O termo ‘mulato’ vem das palavras em espanhol e português para a mula, que baseiam-se no termo em latim mulus que significa a mesma coisa. A mula é o produto resultante do cruzamento do cavalo com burra, ou seja, passou a aplicar-se ao filho de homem branco e mulher negra. O termo mulata tem raiz baseada em um animal, igualmente como o “criolo”, termo que se usava pra designar os negros antigamente, que também era o nome de uma raça de cavalo.
O ‘criolo’ não é mais usado tão livremente, mas se adotou o ‘mulata’ como um termo bonito e nada pejorativo. Não é só um nome porque é carregado de história, uma história que demonstra que a mulher negra está ali a serviço dos indivíduos que só a aceitam se ela estiver limpando seu chão, carregando carga, ou rebolando no seu colo, pois esse é o jeito que um bom animal domesticado deve agir. A mulher negra é tratada constantemente como um animal e um souvenir que o turista vem buscar no carnaval: “Venham turistas, temos mulheres negras gostosas para oferecer a vocês! Também temos boas empregadas pra limpar as suas sujeiras!”
Sim, sabemos que 125 anos se passaram e a escravidão acabou, porém as suas práticas continuam bem vindas e são aplaudidas por muitos de nós na novela das nove e no programa do Faustão, “pouco original, mas comercial a cada ano”. No tempo da escravidão, as mulheres negras eram constantemente estupradas pelo senhor branco e carregavam o papel daquela que deveria servir sexualmente sem reclamar, nem pestanejar e ainda deveria fingir que gostava da situação, pois esse era o seu dever. Hoje nós, mulheres negras, continuamos atreladas àquela visão racista do passado que dizia que só servíamos para o sexo e nada mais.
O mais problemático é que usam essa imagem do negro na televisão tentando nos enganar como se nos aceitassem, que estão nos colocando na televisão por boa vontade, que a mulher que está nessa situação “escolheu isso deliberadamente”. Mas esquecem de informar que nos concursos de beleza como Garota Fantástica, Musa do Brasileirão, Musa do caldeirão e etc. Concursos da mesma emissora, igualmente machistas e estúpidos, que representam a beleza padrão, não apresentavam nenhuma mulher negra entre as concorrentes. Por que será? Simplesmente porque a mulher negra não representa a beleza padrão, ela representa o sexo, o selvagem, o folclórico.
Se não for isso ela é invisível, se acaso ela não trabalhe por esses padrões pré-estabelecidos pela mídia. Até no carnaval, quando deixou de ser uma festa do povo, desde que eu me conheço por gente na verdade, raramente vejo uma mulher negra como destaque de escola de samba, apenas mulheres brancas, “famosas” que podem até, em sua maioria, nem saberem o que é carnaval, mas estão na avenida. Enquanto as negras que moram dentro da comunidade onde a escola trabalha seu show o ano inteiro, saem sem destaque, sem câmeras, sem atenção.
Todo o ano quando o carnaval está pra chegar, eu me preparo psicologicamente pra chuva de estereótipos, de encargos sociais e de hiperssexualização da mulher negra. Não me levem a mal, eu adoro o carnaval, mas nós como negros não podemos nos acomodar com esse tipo de representação, fazer como a “querida” Sheron Menezes e apoiar a exploração do corpo da mulher negra como se isso fosse algo normal. Temos que colocar o pé no chão, pois por mais que se pareça com, isso não é o Brasil Colônia e não somos mais escravos: é nossa vez de lutar contra o racismo de modo inteligente, não dando ibope para os racistas da rede globo, nem naturalizando o lugar do negro em lugar de inferioridade.
Zumbi, Dandara, Mandela e tantos outros lutaram para que o racismo não tenha voz em tempos consideravelmente mais pesados que esse. Então nesse momento é a nossa vez de dar as cartas e reverter o jogo. Como dizia o poema Oliveira Silveira: “Querem que a gente saiba que eles foram senhores e nós fomos escravos. Por isso te repito: eles foram senhores e nós fomos escravos. Eu disse fomos.” Não é a Globo, a Sheron, a novela, os turistas, ou o que seja, que vai nos dizer o contrário: não somos mais escravos, por isso, negros e negras, não aceitem essa colocação.
Acompanhe nossas atividades, participe de nossas discussões e escreva com a gente.


Papa pede nova atitude com filhos de homossexuais

GOSTARIA DE VER CERTOS CRISTÃO HOMOFÓBICOS SE MANIFESTAREM AGORA. PRINCIPALMENTE OS CATÓLICOS.O ÓDIO POR ALGUÉM SER DIFERENTE É TÃO INCONCEBÍVEL QUE ME DÁ ASCO E NOJO. (PROFESSOR FUMAÇA GENRO)
RETIRADO DO SITE DA REVISTA CARTA CAPITAL
O papa Francisco pediu à Igreja Católica para reconsiderar sua postura em relação aos filhos de casais homossexuais e de pais divorciados, alertando sobre uma atitude que pode se reverter em algo equivalente a "inocular uma vacina contra a fé".
"Do ponto de vista educacional, os casamentos homossexuais nos lançam desafios que às vezes compreendemos mal", disse o papa em um discurso à União Internacional de Superiores Gerais, no dia 29 de novembro, cujos trechos foram divulgados pela imprensa italiana apenas neste sábado 4.
"A quantidade de crianças escolarizadas cujos pais estão separados é muito alta", disse, acrescentando que, a estrutura familiar está mudando na atualidade. "Lembro do caso de uma menina que, com tristeza confessou à sua professora: 'a namorada da minha mãe não gosta de mim'", disse o papa, segundo os meios de comunicação.
O papa considerou que os educadores deviam se perguntar "como ensinar o Cristo a uma geração em transformação?". "Temos que cuidar para não lhes administrar uma vacina contra a fé", alertou.
Essa é a segunda vez que o pontífice faz um aceno aos homossexuais desde que assumiu o papado em março. Em julho, ele declarou: "Se alguém é gay e busca o Senhor com sinceridade, quem sou eu para julgá-lo?".
Em dezembro, a revista norte-americana The Advocate, consagrada à homossexualidade, destacou o chefe da Igreja católica como "a personalidade mais influente em 2013 na vida dos LGBT (lésbicas, gays, bi e transexuais)".
O papa convocou uma assembleia geral dos bispos, no próximo ano, para discutir a posição da Igreja em relação à família, na qual deverá ser debatido, entre outros problemas, o dos divorciados que voltaram a casar e dos filhos de pais separados.