quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

L. F. VERISSIMO_PUBLICADO NO JORNAL ZERO HORA DE PORTO ALEGRE HOJE DIA 30/12/2010_Esse cara é demais, repito o que falei nas outras vezes. Talento não é para todos.

A volta do MH
           O Marciano Hipotético tem vindo seguidamente ao Brasil e sempre sai perplexo com o que vê e ouve por aqui. Na sua última visita, o Lula acabava de ser eleito pela primeira vez, mas ainda não tinha sido empossado. As perspectivas não eram boas. Empresários preparavam-se para fugir em massa do país se suas piores conjeturas sobre o PT no poder se confirmassem. Banqueiros tremiam, temendo estatização sem indenização. Donas de casa escondiam a prataria. Anunciavam-se anos de privação e sacrifício sob o socialismo iminente.

         Oito anos depois, o MH volta e, para começar, não encontra vaga para estacionar a sua nave. A movimentação de Natal nas ruas e nas lojas é tamanha, que o deixa transtornado. Onde está? Certamente não na Grande Cuba preconizada oito anos antes.

          MH entrevista pessoas na rua com seu português de novela, aprendido nas ondas da TV, e descobre que a maioria está contente, está empregada, teve dinheiro ou crédito para as compras e julga que as coisas vão melhorar ainda mais.

– Quer dizer que, qui, il socialismo ha funzionato? – pergunta MH, com sotaque do Tony Ramos.

– O sociaquê?

         A perplexidade de MH aumenta. O Lula foi deposto, será isso? O PT não conseguiu implantar seu programa, a reação venceu e o Lula foi corrido do governo. Que nada, lhe informam. Lula ficou oito anos e ainda escolheu sua sucessora. Sucessora?! Sim, uma mulher. Dilma, ex-ativista política, ideologicamente mais à esquerda do que Lula e que, todos esperam, só completará o seu trabalho de consolidação do capitalismo no Brasil. A esta altura, MH decidiu que precisava de um drinque. Entrou num bar e pediu “Amoníaco. Duplo!”


          Sempre impressionou muito ao MH a quantidade de siglas de esquerda na política brasileira. Em nenhum outro lugar do mundo há tantas graduações de “esquerda” para se escolher, e tantas já chegaram a ser governo, com ou sem coligações, sem que isto afetasse muito o conservadorismo dominante. MH pretende desenvolver uma tese, na viagem de volta ao seu planeta. A esquerda brasileira é estilhaçada desse jeito de tanto bater na cidadela do poder real sem conseguir penetrá-la. É uma tese complexa, mas a viagem é longa.

Fim de ano na Tv Cultura - Como sou fã incondicional da TV Cultura estou usando a mensagem dela para abraçar todos meus amigos. Aqueles que acessaram meu blog e aqueles que vão acessar. Um beijo no coração de cada de voces obrigado por estarem juntos comigo neste espaço, esperando que continuemos juntos em 2011 e nos anos que vierem.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

INTER É O TIME CAMPEÃO DA DÉCADA:Segundo levantamento do jornal Folha de São Paulo, o Internacional é o clube brasileiro mais vitorioso desta década inicial do novo século. O ranking está assim constituído_Os títulos conquistadaos com todos os méritos, assim como as derrotas também tiveram seus deméritos. Nos critiquem bastante, mas a relação é inconstestável


Segundo levantamento do jornal Folha de São Paulo, o Internacional é o clube brasileiro mais vitorioso desta década inicial do novo século. O ranking está assim constituído:

1º lugar – INTERNACIONAL …….. 233 pontos
2º lugar  - São Paulo ……………………. 212 pontos
3º lugar  - Santos …………………………. 152 pontos
4º lugar  - Corinthians …………………. 137 pontos
5º lugar  - Flame3ngo …………………… 134 pontos
6º lugar  - Cruzeiro ………………………. 133 pontos
7º lugar  - Fluminense ……………………107 pontos
8º lugar  - Atlético-PR ……………………  93 pontos
9º lugar  - Grêmio ………………………….  81 pontos
10º lugar-  Vitória ………………………….  79 pontos
Títulos do Inter na década
2001 – Bicampeão do Torneio Viña Del Mar-Chile
2002 – Supercampeão Gaúcho
2003 – Bicampeão Gaúcho
2004 – Tricampeão Gaúcho
2005 – Tetracampeão Gaúcho
2006 – Campeão da Libertadores da América
2006 – Campeão da Copa do Mundo de Clubes FIFA
2007 – Recopa Sul-Americana
2008 – Dubai Cup
2008 – Campeão Gaúcho
2008 – Campeão da Copa Sul-Americana
2009 – Bicampeão Gaúcho
2009 – Campeão da Copa Suruga Bank
2010 – Bicampeão da Libertadores da América
Matéria completa na Folha de São Paulo

JOSÉ PASTORE - O Estado de S.Paulo

          Os parlamentares de Quênia, numa tacada só, igualaram seus salários aos dos congressistas dos EUA: US$ 14.500 por mês. Um escândalo.
Em oito minutos os parlamentares do Brasil passaram seus salários para R$ 26.700 mensais. Levando em conta que eles recebem 15 salários por ano, são R$ 33.375 por mês, ou seja, cerca de US$ 19.600. Foram além dos seus colegas do Quênia e dos EUA!
          Não tenho dados do mundo inteiro. Mesmo assim, dá para ver que os brasileiros são ousados. No Japão, os parlamentares recebem o equivalente a US$ 15.200 por mês; no Canadá, US$ 12.177; na Alemanha, US$ 10.137; na Inglaterra, US$ 8.858; na Itália, US$ 7.235; em Cingapura, US$ 4.170; na US$ Espanha, 4.121; na Índia, US$ 1.107.
         Para 2011, os congressistas tailandeses se deram um aumento de 40%, o que elevou seus salários para o equivalente a US$ 2.066. Está nas ruas uma campanha de protestos que considera a maioria dos parlamentares incompetente e não merecedora daquele aumento. No Brasil, o deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, se disse feliz por ter chegado à Câmara dos Deputados num dia de sorte - o do generoso aumento.
         Com raras exceções os parlamentares celebraram o aumento, dizendo não temerem um desgaste eleitoral porque, na antevéspera do Natal, um assunto como esse sai de pauta em poucos dias. Além do mais, eles estão a quatro anos do próximo pleito. Como no passado, escândalos maiores farão os eleitores esquecerem o atual.
         Tudo isso acontece no momento em que os próprios congressistas são convocados pelo governo para ajudar a cortar despesas de custeio que cheguem a 3,1% do PIB de 2011 - uma meta bastante difícil. O ministro Guido Mantega acredita que isso só pode ser conseguido por meio de um patriótico pacto de contenção de gastos. Será que os congressistas participarão desse pacto depois dessa bravata?
         O Congresso da República Checa aprovou um corte de 5% nos salários dos parlamentares, do presidente do país, do primeiro-ministro, dos magistrados e dos promotores para ajudar a reduzir o déficit público. Os congressistas dos EUA congelaram seus salários por dois anos e há propostas de corte de 5% a 10% para 2012. Os deputados da Califórnia e de Michigan cortaram seus salários em 30%, reduzidos para cerca de US$ 6.600 por mês. Entre nós, o aumento foi de 62%, chegando a US$ 19.600 por mês em um país onde o salário médio equivale a US$ 880 e o salário mínimo, a US$ 300.
Essa análise exclui os benefícios não salariais dos deputados e senadores. A comparação é de salário contra salário. Os disparates são gritantes e de graves consequências. Como os salários dos deputados estaduais e vereadores estão atrelados aos dos parlamentares federais, a cascata irá longe. Para 2011, estima-se um gasto adicional de R$ 2 bilhões em todo o País, e isso vai continuar nos anos seguintes com chance de subir mais. Os impactos se propagarão também para os magistrados, procuradores e outros profissionais da esfera pública.
        Sem entrar no mérito da questão, um aumento dessa ordem, aprovado em tempo relâmpago nas duas Casas do Congresso Nacional, é vergonhoso e humilhante. Um verdadeiro deboche. Mais vergonhosa, para não dizer obscena, é a Proposta de Emenda Constitucional que tramita no Congresso atrelando os salários dos parlamentares - automaticamente - aos dos ministros Supremo Tribunal Federal (STF). Se aprovada, a nova sistemática dispensará os parlamentares de aprovarem todo ano os seus próprios vencimentos: irão de carona nas decisões do STF, poupando o desgaste junto à opinião pública.
         Mas, em 2007, foi o próprio STF que anulou um aumento de 90% que os congressistas deram a si mesmos no apagar das luzes de 2006. Será que isso ocorrerá em 2011? Com a palavra, os nobres ministros.
PROFESSOR DE RELAÇÕES DO TRABALHO DA FEA-USP. SITE: http://www.josepastore.com.br/
 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

UMA CRÔNICA, UM GÊNIO

                           Sou fã deste extraordinário cronista como ele mesmo se define e escritor esporádico (palavras dele). Que além de tudo é um GRANDE COLORADO. Ele é para mim hoje o maior cronista brasileiro vivo e, além disso, um ser humano da melhor qualidade. Coloquei o texto exatamente como esta no jornal. Por quê? Simplesmente quem é um computadorzinho para corrigir Luiz Fernando Veríssimo.
            Não tenho a autorização dele, simplesmente porque não sei a quem pedir. O e-mail dele não é fornecido, nem endereço e tudo mais. Com certeza ele não irá se importar de seu texto sair num blogzinho do interior do Mato Grosso e nem ele vai ficar mais pobre. Obrigado Luiz Fernando Veríssimo.

L. F. VERISSIMO-JORNAL ZERO HORA DE 27/12/2010
*       10 quase bons
Fui pouco a cinema em 2010. O fato do ano cinematográfico ter sido dominado por tropas de elite, vampiros adolescentes e espiritismo talvez tenha contribuído para isso. Foi até difícil fazer uma lista dos 10 que eu mais gostei – nenhum passou de quase bom.
Achei o Avatar espetacular, o filme mais subversivo do ano, mas depois de vê-lo e de pensar um pouco você começa a sentir um certo ressentimento pela competência humilhante com que mexeram com todos os seus sentidos. Só os americanos mesmo para fazerem filmes antiamericanos como só os americanos sabem fazer.
Em vez do Tropa de Elite 2 (ou O arrependimento, como, pelo que ouvi dizer, deveria ser o subtítulo do filme, em contrição pela truculência excessiva do primeiro) preferi ver Antes que o Mundo Acabe, o delicado filme da Ana Luíza Azevedo, que se passa num Brasil diferente. O único outro filme nacional que vi foi Uma Noite em 67, divertido mergulho no Brasil de uma época em que todos eram moços, todos fumavam sem parar e todos se importavam. Que fim levou aquele Brasil?
Foi um ano de bons diretores fazendo menos do que se esperava deles. A perspectiva de um Robin Hood dirigido pelo Ridley Scott era entusiasmante, mas o filme – talvez devido ao peso do Russel Crowe no papel principal – não decolou. Gostei do Ilha do Medo, mas estou chegando naquela idade em que as coisas precisam ser muito bem explicadas, e o Scorcese deixou muitas pontas soltas no seu filme para os da minha faixa. O que dizer então de A Origem, indefensável título brasileiro de Inception, em que as pessoas sonham que estão sonhando e acordam para descobrir que foi tudo um sonho dentro de um sonho e que ainda estão sonhando e eu ainda não sei se vi ou se sonhei? E eu não aguento mais efeitos especiais sensacionais. Quanto mais sensacionais, mais eu resisto, e os de Inception são especialmente ofensivos de tão bons. Oliver Stone trouxe de volta o Gordon Gekko na continuação do Wall Street para mostrar que ganância ainda é bom se esconde um bom coração de pai, Roman Polanski fez um apenas passável O Escritor Fantasma cheio de furos no roteiro, e o novo Woody Allen merece a opinião de todo o mundo, nem elogio nem crítica: é um Woody Allen, o que mais há para dizer?
Melhor mesmo foi o argentino O Segredo dos Seus Olhos, apesar de algumas inverosimilhanças, principalmente pela presença radiante da Soledad Villamil, o sonho de consumo do ano de muitos homens, inclusive da minha faixa.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Cota não é "dá ou desce", diz nova ministra

          Gaúcha radicada em Salvador há 31 anos, atual secretária de promoção da igualdade da Bahia, a socióloga Luiza Bairros, 57, assumirá a Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), órgão vinculado à Presidência da República.
          À Folha ela defende as cotas raciais, em contraposição às sociais, e diz que o melhor não é impor ações às universidades federais -posição que se opõe ao atual entendimento da pasta.
"Não é assim, sim ou não, dá ou desce. Existem formas que o próprio Estado pode adotar para criar estímulos."
Folha - Há uma ação que a sra. sabe que precisa ser feita?
Luiza Bairros - A agenda de erradicação da miséria. A secretaria deve ressaltar o fato de que, no Brasil, a maioria das pessoas em situação de pobreza e miséria é negra.

E como isso seria alcançado?
A partir de medidas coordenadas e articuladas. As questões mais específicas são muito importantes. Quer dizer, tanto é importante o acesso ao Bolsa Família como viabilizar que os que já o recebem saiam do programa.
A questão da educação é extremamente importante, porque temos uma evasão escolar bastante grande, o que é particularmente grave na população negra.
Também a saúde. De novo, entre os negros é que se registram mortes mais precoces e em maior número.

O Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado neste ano sob críticas de retirada de pontos importantes. A sra. concorda?
Não. O estatuto gerou no movimento negro uma expectativa alta. Na discussão no Congresso, foi perdendo aspectos considerados fundamentais pelo movimento, como a questão das cotas.
Boa parte da insatisfação se deve à percepção de que foi retirado um instrumento eficiente na redução das desigualdades raciais. Agora, deve ser ressaltado que, no ensino universitário, as cotas foram implantadas independentemente de legislação.

Todas as universidades federais deveriam ter cotas?
O êxito da iniciativa nas que adotaram é tão evidente que deveria ser um indicador importante para as que ainda não estão convencidas.

De forma impositiva ou não?
Qualquer pessoa negra desejaria que todas as instituições adotassem um tipo de medida para fazer face a uma coisa real, que são diferenças na inserção social, política, econômica entre brancos e negros, independentemente da questão da pobreza.

Ou seja, não é cota por estrato social, mas para negro?
Não é mesmo. Mesmo quando você analisa as estatísticas de desigualdade racial, é importante observar que, nas informações por renda entre brancos e negros, as diferenças continuam.

Há gestores que defendem a imposição. E a sra.?
Tenho dificuldade de responder isso. A imposição é dada pelas mudanças que a sociedade vai provocando nos valores. Chega num ponto em que a sociedade muda tanto que as instituições são obrigadas a mudar com ela.

Mas, talvez, elas sozinhas não façam esse movimento...
Elas têm de ser, em algum nível, levadas a isso. Há várias formas possíveis, usadas em outros países, que podemos estudar num futuro próximo. Por exemplo, oferecendo incentivos para que universidades ou outras instituições adotem essa medida.

Mesmo as públicas?
Sim, é comum em países como os EUA que as universidades só tenham acesso a determinadas verbas federais se adotarem um plano de democratização do acesso. Por isso, eu não digo imposição.
Não é assim, sim ou não, dá ou desce. Existem formas que o próprio Estado pode adotar para criar estímulos.

Folha de São Paulo
São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Faz algo...

PROGRAMA SR. BRASIL DE ROLANDO BOLDRIN NA TV CULTURA COM O GRUPO CHICAS EXCELENTE.NA MINHA OPINIÃO UM DOS MELHORES PROGRAMAS DA TV BRASILEIRA

sábado, 25 de dezembro de 2010

         Nove vezes fora, tirando os Exaltas Samba da vida, que aliás nunca  exalta nem samba, o brunos e os marones e  outros, Roberto é velho, atrasado, sempre o mesmo, reacionário, ultrapassado é sempre da Globo e outras coisas mais. Certo? Para mim ele é fantástico, talentoso, sublime na sua cafonice . Ele é na minha opinião MARAVILHOSO.
FUMAÇA GENRO DE DIAMANTINO-MT

STAN GETZ E JOÃO GILBERTO - CORCOVADO

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NATAL A FESTA DA MERCADORIA


          Chegou o natal e as pessoas estão vítimas de uma espécie de embriaguez: comprar, comprar, comprar, comprar, comprar, comprar, comprar... As lojas cheias, pessoas se afogando em prestações, brinquedos e presentes eletrônicos caríssimos... É a grande celebração do Deus Manon, não o Deus Menino, o filho do homem, aquele que se fez carne para sofrer como todos nós, e que pobre, carpinteiro e operário, vagou pelo mundo pregando a igualdade e a solidariedade entre os homens. Aquele que disse, simplesmente: meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, revogam-se as disposições em contrário, esta lei entra em vigor na data de sua divulgação.
           No que há de comum entre o nascimento do menino Deus, a encarnação do espírito vivo, aquele que veio distribuir o perdão entre todos os homens, que foi capaz de salvar a adúltera (ou prostituta, é sempre uma versão, a leitura) de ser apedrejada; que disse que não veio salvar os sãos, mas o pecador, desta festa mercantilizada, com um velhinho gorducho do anúncio da coca-cola propagando o vá e consumiu-vos, pois esta é a razão de viver!
          Que solidariedade é esta que se faz não através do abraço e da compreensão, mas sim através da compra, venda e troca de mercadorias?
           E o que falar então para aqueles que não têm acesso à grande festa da mercadoria, colocados de lado pelo grande templo do consumo, sem dinheiro para comprar os presentes desta troca insana, e que pedem apenas um pouco de pão para que não morram de fome enquanto a humanidade celebra o desperdício?
           Que me contradigam e falem que estou exagerando, mas a insanidade que vejo nesta época, com pais sacrificados para dar o “brinquedo” ou a “viagem dos sonhos”, me faz perguntar, que espírito de natal é este!
           Afinal, o cristo proletário, carpinteiro e filho de carpinteiro, nasceu numa manjedoura pobre, e seus presentes foram símbolos de adoração e não a festa do comprar. A pobre criança da manjedoura com certeza olha com reprovação quando a humanidade transforma sua mensagem em cifras.
Sim, porque para confraternizar basta uma mesa, um pouco de comida, solidariedade, conversas, abraços.
           Na sociedade do desvinculo, onde a única pessoa que fala nas casas é a TV (este totem da solidão moderna, na qual existem milhares de meios de comunicação que não comunicam ninguém com ninguém) o natal seria, em tese, o momento em que as famílias se reúnem e celebram. Celebram mesmo?           Se o ápice da festa é conferir se o presente mais caro do ano foi recebido ou não, qual o sentido desta confraternização?
          Nem religioso, no sentido estrito sou, já que não sou membro de nenhuma igreja, mas, talvez, tenha entendido a mensagem do Cristo Vivo mais do que muitos religiosos. Afinal, como se pode ser solidário, um dia? Como se pode se celebrar a cristandade um dia? E nem falo da cristandade em termos de seguir uma religião, mas de seguir sua mensagem.
          Solidariedade é para todos os dias, ou somos solidários, ou não somos. Amor, carinho, fraternidade, lutar pela igualdade, ou é para todos os dias, ou é para dia nenhum. Não adianta nada rasgar as vestes, bater no próprio corpo, arranhar o corpo com as unhas dentro de uma igreja, achando assim que se está seguindo a mensagem de Jesus, isto é apenas ritualística vazia.
          O que fazes para que a terra, nosso planeta, seja o paraíso prometido por Jesus no Sermão da Montanha?
          A mensagem que o Revolucionário que condenou a riqueza (passará um camelo por uma agulha, mas não um rico entrará no Reino dos Céus) foi a da igualdade e a da fraternidade, a da esperança, a da amizade entre todos os povos, a do perdão, a da fraternidade.
          Que fizeste no dia de hoje, semana do natal para que nosso mundo seja mais igual? Qual foi a última vez que olhastes para um pobre como um irmão, não como uma ameaça? Qual foi a última vez que te apiedaste do destino dos desgraçados? Dos deserdados, dos que tiveram o grande azar de nascer pobres ou paupérrimos, na sociedade de Manon, Deus da Mercadoria?
          Para mim é esta a verdadeira e única mensagem de Cristo. E não dá para adorar dois deuses, ou se adora Cristo, ou se adora Manon (são palavras da bíblia). Posso não ser religioso, mas captei a mensagem da pregação Cristã, que no natal não celebramos a mercadoria, mas sim a nossa humanidade comum, nossa irmandade, que está em cada homem e mulher, independente de cor, raça, credo, etnia.
         A humanidade que nos faz iguais está em muçulmanos e judeus, em negros e brancos, em evangélicos e espíritas, em pobres e ricos.
          Portanto, ao celebrar o natal, penses que não é através do TER, da mercadoria, do comprar e gastar que estarás seguindo a palavra do filho do homem, do Deus Vivo. Mas sim através do SER, do compreender, do entender que a mensagem do natal é a mensagem da solidariedade, de que todos são iguais e que é missão nossa então acabar com a desigualdade, que não é criação divina, muito pelo contrário, é uma criação do homem, que assim se tornou lobo do próprio homem.
          Natal para mim é compreender, mais uma vez, que a missão de cada homem aqui é transformar a terra no nosso jardim, na nossa utopia, com paz e igualdade social.
AUTOR DO TEXTO ROBERTO PONCIANO, PARTICIPANTE DO GRUPO DE DISCUSSÃO SOBRE MÚSICA E OUTROS ASSUNTOS PAPO DE BOTEQUIM A QUEM EU AGRADEÇO.




quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cariocas protestam contra altos cachês pagos a artistas no fim de ano

          Segundo manifestantes, Luan Santana ganhou R$ 1,3 milhão por show no Rio, Zeca Pagodinho  650 mil e Roberto Carlos não foi divulgado.
Faixa estendida na orla de Copacabana compara cachês a salários de PMs.
Do G1 RJ

          Manifestantes protestam contra os altos cachês pagos a artistas para shows neste fim de ano no Rio. Faixa estendida em sinal de trânsito na Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, na Zona Sul da cidade, compara salários de policiais militares e bombeiros aos valores pagos a cantores como Luan Santana e Zeca Pagodinho. (Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo)
          Sou sempre favorável que as pessoas sejam recompensadas pelo seu talento, mas temos de reconhecer que são valores altíssimos e a comparação é devastadora. E para o meu gosto Zeca Pagodinho vale muito mais que esse tal de Luan Santa, mas gosto é gosto e temos de respeitar.
          O que penso é; foi dado o preço, quem contrata aceitou, então que paguem. Mas que as pessoas tem todo o direito de reclamar com certeza tem.


PROFº FUMAÇA GENRO
23/12/2010_17:56_DIAMANTINO-MT

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

          Como sou um leitor inveterado, viciado mesmo, penso que todos também são assim. Por este motivo peço desculpas antecipadas pelas sugestões  de livros que li e que posso dizer,  alguns são bons, outros melhores e a maioria muito boa.
          Uso uma frase do ZIRALDO para dar a importância, se é que seja necessária, a leitura."O homem só chegou a Lua porque, depois de Gutemberg, todo mundo teve acesso ao livro e ao conteúdo que eles preservam. Fora do livro não há salvação." (iG-sábado 4/12/2010). Sabias palavras. 
         Os livros que indico são:

- Furacão Elis-Regina Echeverria-Ediouro
- Um breve história de quase tudo- Bill Bryson-Ed. Companhia das Letras
- A série Artmis Fowl- Eoin Colfer-Ed. Record- (na minha opinião bem melhor que Harry Porter)
- A série os Olimpianos- Rick Riordan- Ed. Intrínsica
- Super FREAKONOMICS-O lado oculto do dia a dia-Stev D.Levit e Stephen J. Dubner-Ed. Campus
- O Vendedor de Sonhos_O chamado-Augusto Cury-Ed. Academia
- A som e a fúria-biografia de Tim Maia-Nelso Mota-Ed. Objetiva
- 1822-Laurentino Gomes-Uma história do brasil contada de uma maneira diferente e muito talentosa_Ed. Nova Fronteira
- Uma breve história do Brasil-Mary del Priori e Renato Venacio
- Comer rezar amar-Comprometida-Uma história de amor -Elizabeth Gilbert-ed. Objetiva

          Poderia claro citar mais, mas fico por aqui para não cansar ninguém com minha paixão que é al eitura.
Como sou aposentado tenho tempo para ler e ouvir músicas dois prazeres maravilhosos só suplantados com  grande vantagem pela prazer do amor.
Prof. Fuma Genro
PROGRAMA MÚSICA PURA TODOS OS SÁBADOS NA R´´ADIO PARECIS 690 AM- DAS 17:30 ÀS 19:30 .

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

WikiLeaks: as conversas de Serra com a Chevron sobre o pré-sal-ESSE ARTIGOS SÃO RETIRADOS DO BLOG DO JORNALISTA LUIZ NASSIF, UM CARA QUE NÃO SE ACOVARDOU DIANTE DE MUITOS PODEROSOS E QUE FAZ TODOS OS VERDADEIROS JORNALISTAS TEREM ORGULHO DA SUA PROFISSÃO.

Enviado por luisnassif, seg, 13/12/2010 - 07h27min
Petroleiras foram contra novas regras para pré-sal
Segundo telegrama do WikiLeaks, Serra prometeu alterar regras caso vencesse
Assessor do tucano na campanha confirma que candidato era contrário à mudança do marco regulatório do petróleo
JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

          As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.
         É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.
"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.
          Um dos responsáveis pelo programa de governo de Serra, o economista Geraldo Biasoto confirmou que a proposta do PSDB previa a reedição do modelo passado.
          "O modelo atual impõe muita responsabilidade e risco à Petrobras", disse Biasoto, responsável pela área de energia do programa. "Havia muito ceticismo quanto à possibilidade de o pré-sal ter exploração razoável com a mudança de marcos regulatórios que foi realizada."
          Segundo Biasoto, essa era a opinião de Serra e foi exposta a empresas do setor em diferentes reuniões, sendo uma delas apenas com representantes de petroleiras estrangeiras. Ele diz que Serra não participou dessa reunião, ocorrida em julho deste ano. "Mas é possível que ele tenha participado de outras reuniões com o setor", disse.

SENSO DE URGÊNCIA
          O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.
          O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem "senso de urgência". Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: "Vocês vão e voltam".
          A executiva da Chevron relatou a conversa ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio.
A mudança que desagradou às petroleiras foi aprovada pelo governo na Câmara no começo deste mês.
          Desde 1997, quando acabou o monopólio da Petrobras, a exploração de campos petrolíferos obedeceu a um modelo de concessão.
          Nesse caso, a empresa vencedora da licitação ficava dona do petróleo a ser explorado-pagando royalties ao governo por isso.
          Com a descoberta dos campos gigantes na camada do pré-sal, o governo mudou a proposta. Eles serão licitados por meio de partilha.
          Assim, o vencedor terá de obrigatoriamente partilhar o petróleo encontrado com a União, e a Petrobras ganhou duas vantagens: será a operadora exclusiva dos campos e terá, no mínimo, 30% de participação nos consórcios com as outras empresas.
         A Folha teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.
          Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como "operadora-chefe" também é relatado com preocupação.
O consulado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam "turbinar" a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
O consulado cita que o Brasil se tornará um "player" importante no mercado de energia internacional.
          Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque "o PMDB precisa de uma companhia".
          Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.
          Postei mensagens belíssimas sobre o Natal como do Roupa Nova, a do Natal Digital enfim lindas mesmo. Com um pequeno detalhe que não tira o brilho, mas que me deixou encafivado (será que existe essa palavra?). Porque eu  mesmo não faço uma mensagem?  Sem o brilho, e o talento das postadas mas sendo eu a fazer.
         Quero aqui desejar a todos meus amigos,  que acessaram este blog por curiosidade, para prestigiar este amigo ou por qualquer outro motivo, um Natal em que Deus esteja presente antes dos presentes materiais Que o amor  entre nós seja o sentimento predominante,  que a paz de Jesus os acompanhe neste e em todos o Natais de vossas vidas. Aproveito para desejar que 2011, 2012, 2013 e todos os anos que se seguirem sejam repletos de luz, saúde, paz e muito amor no coração de todos nós homens e mulheres do  mundo, independente de nacionalidade, cor, idade, lado político, gênero, enfim TODOS.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Depois do luto a luta: em favor de uma pedagogia do cuidado_Lúcio Alves de Barros*

Não deixa de ser uma boa tentativa, as primeiras investidas do SINPRO-MG (Sindicato dos professores do Estado de Minas Gerais) em favor dos professores e contra a violência latente e manifesta nas escolas. Infelizmente, as propostas apareceram após o assassinato do mestre em educação física e professor Kássio Vinícius de Castro Gomes. Talvez elas até existissem, mas ainda não haviam chegado até nós. Mas nunca é tarde, visto que a violência nas escolas não é nova e a questão tornou-se séria desde a década de 80. Digo isso devido não somente à comoção oriunda da morte de nosso colega, mas das falas dos professores e professoras que ficaram para contar a história. E elas vieram de todas as formas: umas escutei, outras recebi por e-mail e várias delas recolhi nos intervalos, nas reuniões, nos periódicos e neste grande mundo virtual da internet.

A morte do professor causou mal-estar não somente entre alunos-professores, mas também entre alunos-alunos, professores-professores. Recebi mensagens pedindo "pena de morte ao aluno escroto", outras defendendo medidas repressoras e penalizáveis aos alunos agressores e aos professores que também, para muitos, carregam parcela de culpa. Não deixei de receber críticas e mais críticas às instituições de ensino particular, as quais são criticadas por receber "qualquer tipo de aluno". Muitas foram as lembranças de casos ocorridos em todo o Brasil. Assim veio à memória o caso da professora que teve braços e dentes quebrados em Porto Alegre (RS), da professora do ensino médio que foi atacada a chutes e pancadas na capital de Minas Gerais, da diretora agredida a pedradas em um colégio estadual de Florianópolis (SC), da diretora que apanhou de alunos e amigos dos alunos no meio da rua em Juiz de Fora (MG) e do caso recente do estudante universitário Lucas Zebral de Melo Albuquerque, aluno da FUMEC (Fundação Mineira de Educação e Cultura), em Belo Horizonte, que foi condenado por injúria contra um professor. Os relatos das testemunhas apontaram que ele dava "encontrões propositais", além de "insinuar", com "expressões chulas", que o docente seria homossexual.

De qualquer modo tentei resumir as narrativas em três blocos não excludentes e complementares. O primeiro bloco de narrativas tem por alicerce que a "a violência está não somente no nível superior". Os docentes contaram casos de professores que "apanharam feio de alunos", que foram "vítimas de agressões verbais", "furtos", "roubos", "carros quebrados", "carros arranhados" e "xingamentos". Apontaram como problema as políticas públicas voltadas à educação e "não acho que as coisas podem melhorar". A violência estaria pior na educação em nível médio e fundamental "onde a droga come solta" e "alunos e alunas só pensam em sexo, conversa e vadiagem". Um professor chegou mesmo a dizer "que não deixa a profissão porque não sabe fazer outra coisa, mas que tem dias que pensa em se matar porque não aguenta mais o descaso do Estado e a falta de interesse dos alunos". Uma docente, que já havia sido minha aluna, disse que certa feita não apanhou porque "o traficante perto da escola não deixou a mãe do aluno bater". Como se vê, e por falta de linhas não vou alongar por aqui, é possível perceber que a violência está presente não somente no nível superior, mas no ensino médio e fundamental e que, pela faixa-etária dos meus colegas não é tão nova assim.

O segundo grupo de narrativas chama atenção para a "gradação" do tipo de violência. Um deles disse: "no fundamental o aluno belisca, te joga lápis, água, faz piada e até te bate na perna. No ensino médio fura o pneu do seu carro, te chama na porrada, ameaça na internet e por aí vai e, no ensino superior, como a gente vê, a coisa já está é na facada mesmo". Embora tenha sido uma conversa emocionada a comparação colocou em tela o agressor que já estaria em maturação desde a infância. Ele cresce e se enche de hormônios na adolescência e se transforma em um predador após alguns períodos no "ensino superior". Longe dos exageros, a questão é séria e, como já disse, merece ser entendida como problema de segurança pública. Alunos tem andado armados em salas de aula: uma professora disse que "morre de medo de dois alunos que em sua sala só andam armados com a justificativa de serem policiais". Outra disse que já teve que "escutar calada os gritos de uma aluna que se gabava em pagar o seu salário". Aparentemente, e não por acaso, as mulheres são as maiores vítimas, pois das mensagens que recebi uma professora afirmou "que chora toda vez que um aluno a desrespeita e que não percebe isso nos professores que são homens". Também neste caminho encontrei a famosa pérola, ouvida várias vezes em meio aos policiais: "hoje eu disse para minha mulher que saio para trabalhar, mas não sei se eu volto". A frase, apesar de cômica no lugar no qual foi dita, não deixou de produzir algumas respostas como: "Eu já pensei nisso", "É! O trem ta feio", "Daqui há pouco é isso mesmo" e "Quero ganhar insalubridade e periculosidade". Em tais narrativas identifiquei professores medrosos, frágeis fisicamente, extremamente ternos e fleumáticos, o que justifica a fala da pequena e bela professora, já desencantada com o mundo da educação: "Eu estou com medo dos meus alunos".

O último grupo de narrativas apontou para a necessidade de que "alguma coisa deve ser feita". Os docentes que escutei com atenção disseram da importância da existência de "normas" e "regras claras no ensino", principalmente nas redes particulares, as quais "andam a vender diplomas como água em parada de sinal". Comentaram sobre alunos passando sem mérito e sem a possibilidade de aprovação. Assinalaram para a perda da autoridade e do respeito, justamente porque a ideologia do "PP - Pagou Passou" está valendo desde o momento em que o MEC abriu as portas para o ensino privado. Sem normas e fiscalização, os "alunos acham que são deuses" e "que pagam os salários dos professores porque na verdade são clientes" e não discentes ou profissionais em formação. Na realidade, as falas são conhecidas no meio dos denominados "trabalhadores da educação" e não tenho dúvidas que o MEC é co-responsável por essa situação. De todo modo, existe uma crença nascendo de que "as coisas vão melhorar", de que "a educação é a melhor saída para as sociedades" e que "episódios como o do mestre em educação física não podem se repetir". Aprendi que professores são esperançosos, generosos e sofrem com o sofrimento dos alunos. Um discurso foi quase unânime: "é preciso salvar a educação". A fala é interessante porque o docente que leciona em nível superior sabe que é do ensino médio que o seu trabalho depende e nada como melhorar a qualidade da educação dos seus "clientes".

Finalmente, gostaria de terminar deixando clara minha preocupação em relação aos professores que, embora passem pelos mesmos problemas e constrangimentos, tem tentado diminuir a gravidade dos fatos. Muitos deles são coordenadores, supervisores, diretores, orientadores, tutores, estão em cargos de chefia ou comungam com as ordens dos proprietários dos estabelecimentos escolares que não se preocupam com o corpo docente. Em geral, são executivos da educação que pouco sabem de didática, política pedagógica, planos de ensino ou sala de aula. Muitos jamais enfrentaram turmas de 40, 60 ou 80 alunos. É deste pessoal que tenho o maior receio, pois são eles que recebem as "reclamações", os e-mails ocultos, as cartas os abaixo-assinados e, em geral, levam para o campo pessoal assuntos que são pedagógicos e estão atrelados a uma determinada conjuntura e história. Como disse uma amiga, eles ajudam a plantar e cultivar a dúvida entre os professores, alunos e corpo dirigente. Praticamente produzem dois lados dicotômicos que aparentemente devem estar em constante conflito. Existem casos em que tais coordenadores operam como verdadeiros proprietários da instituição e não deixam de distribuir "queixas", "advertências" e "chamadas de atenção em plena reunião". Sinceramente, a diferença deste docente-coordenador para o aluno que decidiu matar o professor é só a faca. A morte social, a baixa estima, a síndrome de burnout e as várias moléstias que vem atacando o corpo docente é nada mais que o resultado de nossa falta de respeito com o outro, do direito inegociável do contraditório, da aceitação das limitações, da tolerância sempre viva e da construção de uma pedagogia do cuidado. Não custa lembrar que somos seres vulneráveis, frágeis, caminhando em tempos pós-modernos com certa dificuldade em um mundo carente de valores, utopias e sentidos de vida, com uma única certeza: "a vida é curta e a morte é certa".

Lúcio Alves de Barros*
é mestre em sociologia e doutor em Ciências Humanas pela UFMG. Professor na FAE (Faculdade de Educação) da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

HISTÓRIA DO NATAL DIGITAL_FANTÁSTICO

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE

Como já dizia aquela propaganda de uma marca de sutiã (o primeiro sutiã) o título deste texto fala sobre a primeira crítica que recebi com certa veemência sobre o que publico no meu blog. O que dizia esta crítica?
Que o WWW.fucalima2010.blogspot.com era um blog de esquerda. Esta história de esquerda e direita é um tanto complicada assim, vamos a tal da crítica. Em outro momento poderemos falar sobre este outro assunto.
E dai? Se for de esquerda. Qual o problema?
Como foi feita a crítica, parece um tremendo pecado ser de esquerda nesse país. É verdade! Ainda existem pessoas que qualificam outras por sua posição política, sua posição social, sua cor, seu sexo enfim por tudo aquilo que ele o crítico não concorda, ou acha errado. Quando eu falo pessoas que qualificam outras, quero dizer neste caso e nos que citei DESQUALIFICAM o que é ainda bem pior.
Sou o que quero ser, e não o que querem que eu seja. Não esquecendo que vivemos em uma sociedade democrática e que aquele velho ditado ainda tem uso. A minha escolha (minha liberdade) não deve ir além do que outras pessoas pensam ou são. Não devo com minhas posições prejudicar alguém, que tem todo o direito de ser o que querem ser. Afinal...
Não,não vou dizer o nome de que pessoa está falando, é desnecessário, é dar atenção a quem não merece. Não por ela discordar da maneira que penso. É direito dela, mas sim por não respeitar o que sou e ser extremamente grosseiro ao me criticar e me ofender sem nenhuma necessidade, mostrando uma clara falta de conteúdo.
Um pergunta que me faço depois deste assunto. Serei uma pessoa de esquerda? Sendo, o que falaria se fosse tão besta como o crítico, vamos falar assim. Com certeza não o ofenderia. Poderia e iria discordar, mas com educação. Mesmo com vontade de mandar ele pro raio que o parta ou a outros lugares menos nobres.

PROFº FUMAÇA GENRO
MÚSICA PURA TODOS OS SÁBADOS DAS 17h30min ÀS 19h30min NA RÁDIO PARECIS 690 AM.
BLOG DO MÚSICA PURA: WWW.FUCALIMA2010.BLOGSPOT.COM

ROSA DOS VENTOS_CHICO BUARQUE

DEVE SER DESCENDENTE DE CAMÕES... [he, he, he]

ESTE TEXTO DE EXTREMO BOM HUMOR FOI TIRADO DE UM BLOG NA INTERNET CUJO NOME NÃO ME VEM NA MEMÓRIA AGORA, MAS QUE PROMETO COLOCAR MAIS TARDE, PORQUE PROPRIEDADE CULTURAL MERECE RESPEITO. A RESPOSTA DO ALUNO É FANTÁSTICA, INTELIGENTE, BEM HUMORADA, MOSTRANDO EM MINHA OPINIÃO DE LEITOR QUE ELA MESMA JOVEM TEM UMA GRANDE CAPACIDADE DE INTERPRETAÇÃO E DE ENTENDIMENTO DA VIDA.

MUITA CRIATIVIDADE! Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho do poema de Camões:

'Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação :

Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo !'

A Vestibulanda ganhou nota DEZ: pela originalidade, pela estruturação dos versos, das rimas insinuantes, e também foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões fosse apenas falta de mulher.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Paulo Candido- TEXTO RETIRADO DO SITE DELIBERAR, É PARTE DE UM TEXTO MAIOR, QUE SÓ RETIREI POIS RESULTOU COMO FALA O PRÓPRIO AUTOR EM UMA GRANDE DISCUSSÃO EM DIVERSOS BLOGS- A busca incansável por um feminismo dócil

Na última semana eu me envolvi bastante em uma discussão sobre linguagem que assumiu rumos quase surrealistas, mas muito sintomáticos e “surpreendentes”.
Terça-feira passada surgiu na home do blog do Nassif um artigo intulado “O poder das mulheres”. Esse artigo era na verdade um comentário de um usuário (chamado Andre) elevado a post na página principal pelo Nassif ou pelo seu “editor assistente” (como soubemos depois).
Não quero comentar muito este texto aqui, não há muito a dizer. Basta observar que ele começa com a frase “meu medo em relação às feminazis (sempre lembrando que este é apenas e tão somente um termo que ganhou popularidade por sua eficiência em resumir feministas radicais) é justamente pelo fato de elas me verem como um inimigo a ser exterminado”. Os itálicos são todos meus e cada um deles, pela marca que trazem de um machismo desenfreado e ignorante, mereceriam um post à parte.
Mas felizmente a Cynthia já explicou tudo melhor do que eu conseguiria aqui e aqui. Tambem a Lola e a Barbara (aliás, interlocutora original do autor no blog do Nassif) mostraram o absurdo que estava em curso.
Foram seis dias até que Luiz Nassif se dignasse a escrever uma espécie de retratação muito leve. Eu expus minha opinião em dois comentários no próprio artigo. A “retratação” inclui uma série de argumentos infantis, indo desde o inacreditável “eu não conhecia este termo” até “eu promovo mulheres na minha empresa, tenho filhas, mulher, tias e avós bem-sucedidas e defensoras dos direitos das mulheres”. Este último coroado com a divertida condição “sem nenhuma necessidade de se valer da agressividade como ferramenta de auto-afirmação” (eventualmente elevado a título de uma brilhante resposta da Lola). Interessante observar também que as duas respostas aos meus comentários defendendo ou minimizando o uso do termo “feminazi” são de homens. É como dizia Freud, onde há sintoma há fogo...
No decorrer da semana dois posts me chamaram a atenção, ambos pela maneira como tentam dar a questão por “superada” em nome de algum bem maior (volto a isto daqui a pouco). A conceituada Conceição Oliveira escreveu no Vi o Mundo um texto que flertava com igualar os desiguais: “A meu ver o nível acalorado que tomou conta do debate foi desgastante com a desqualificação nos dois pólos. Talvez os ânimos não tivessem se acirrado e pudessem ter sido amenizados com um pouco de conhecimento sobre o feminismo por parte de Nassif e entre as feministas o conhecimento sobre as próprias diferenças presentes no amplo espectro progressista que agrega os blogs ’sujos’ ou o que passou a ser denominado (após o primeiro encontro de blogueiros em agosto de 2010) de ‘blogosfera progressista’. Mas, infelizmente, sobraram generalizações de toda a sorte.”
Sinceramente me escapa como “as próprias diferenças presentes no amplo espectro progressista que agrega os blogs ’sujos’ ou o que passou a ser denominado (após o primeiro encontro de blogueiros em agosto de 2010) de ‘blogosfera progressista’” podem servir de justificativa para a defesa do uso do termo “feminazi” em qualquer debate que se queira sério, produtivo ou mesmo possível (lembrando que foi assim que isto começou).
O Renato Rovai escreveu lembrando que o Nassif tem toda uma história de enfrentamento da grande mídia que precisa ser levada em consideração. Mas resta um detalhe sutil: “Menos honesto ainda é tentar transformar o post do Nassif numa ação de quadrilha, num movimento machista “dos blogueiros progressistas”. Esse é um comportamento típico de quem tem dificuldade de conviver com construções coletivas e busca fazer do protagonismo alheio escada para seus desejos de sucesso.”
Este pequeno parágrafo inocente, solto ali, com o qual o autor novamente desqualifica uma objeção original de algumas blogueiras (notamente a Cynthia e a Lola, mas também do próprio Idelber) quanto à composição de gênero marcadamente desequilibrada do grupo que realizou a histórica entrevista com o presidente Lula, também pode ser facilmente invertido. Pois ele (o parágrafo) faz exatamente o que nega. Mostra que estas duas palavras, blogueiros e progressistas, escondem sentidos que aqueles que os carregam talvez não suspeitem com os quais talvez não concordem que talvez não queiram ver. E a leitura que o Rovai tenta descartar, Blogueiros “Progressistas”, parece estar perseguindo este nome desde sua inserção no debate, ali pelo meio do ano. Mas questões de nomes, acho que merecem um exame mais vagaroso. Outro dia, outro texto. Só para discutir “Progressista”.

DJAVAN_OUTONO_UMA MÚSICA INESQUECÍVEL, MARAVILHOSA DE ALGUÉM EXTREMAMENTE TALENTOSO, ESTE DJAVAN.

Origem da Vida - Sam Neal - Discovery Channel - Parte 1

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

DESAFIOS DA UNIVERSIDADE por Gregório Grisa

Com a expansão das vagas e a adoção de ações afirmativas, a universidade brasileira vive hoje o maior desafio de sua história. Esses fatos marcam o início do ainda tímido processo de democratização do ensino superior que não se restringe mais ao universo do acesso e da permanência de alunos de grupos sociais que historicamente não freqüentavam a universidade.
Mais de noventa instituições no Brasil adotaram algum tipo de política afirmativa de reserva de vagas. Essas medidas atendem a vários seguimentos sociais dependendo do modelo escolhido pela universidade ou pelo poder público. Há reserva de vagas, ou cotas como são mais conhecidas essas políticas, que contemplam a população negra, a população indígena, estudantes de escolas públicas, estudantes de baixa renda e outros.
Uma política de ação afirmativa não é sinônimo de cotas nas universidades, as cotas são uma modalidade de ação afirmativa, isto é, reservar vagas para um grupo social específico é somente uma dentro de várias possibilidades de se concretizar uma ação afirmativa. O que está colocado para a universidade hoje, entre outras demandas, é a superação de dois mitos ou dois equívocos de interpretação que descrevo a seguir.
O primeiro refere-se à constante e insistente assertiva que circula nos corredores universitários, de que alunos cotistas ou de baixa renda estariam “baixando o nível de excelência das instituições”. Esse pensamento vem à tona a partir do momento que a formação do professor universitário é colocada em xeque. Isso mesmo! O professor mais “bem colocado” na escala do magistério é o que enfrenta o déficit formativo de tipo político, pedagógico e metodológico mais recente.
O modo de trabalhar com os alunos, de organizar o currículo, de planejar as disciplinas e de avaliar, via de regra, segue o mesmo daquela academia que sempre foi ocupada por uma classe social e um grupo étnico. Entretanto, hoje a diversificação dos sujeitos existe e vem aumentando, começam a aparecer preconceitos adormecidos e as práticas engessadas na lógica tradicional passam a sofrer resistências. Há de se fazer uma inversão interpretativa no que se refere a essa sensação de perda de qualidade, a primeira pergunta a ser feita é: de que qualidade está se falando?
Acredito que a sensação de perda de qualidade no ensino ou na pesquisa se dá mais pelo fato da universidade contemporânea não conseguir responder as demandas que a sociedade a impõe. Os grandes problemas sociais, as mazelas ambientais e estruturais não encontram alternativas resolutivas na universidade e é daí que advém a sensação da perda da qualidade, e não do fato de grupos sociais historicamente excluídos passarem a freqüentar o ensino superior. Inclusive é com a chegada desses grupos que a universidade se munirá, caso encampe um processo de democratização valorizando as culturas populares, de elementos para melhor interpretar os desafios colocados pela sociedade nacional e regional.
O segundo mito é o de que a cultura considerada popular não pode conviver mesclar-se e produzir conhecimento em alto nível. A noção de alta e baixa cultura é atrasada e justifica, entre outras coisas, o racismo institucional e o preconceito. A excelência acadêmica não é garantida pelo fato de ser desenvolvida por pessoas “de berço” e brancas — são essas que historicamente produzem ciência pelo fato de monopolizarem esse espaço como um dos seus principais privilégios sociais.
Devido a esse cenário, muitos especialistas da educação afirmam que a ciência tem cor no Brasil, e é branca, pois historicamente se exclui a população negra através de um cruel processo de exploração, sustentado contemporaneamente pelo discurso da baixa e da alta cultura ou pelo discurso da excelência. Há um padrão hegemônico que define o que é conhecimento de alto nível, assim como diz qual é a qualidade almejada pelas instituições.
Problematizar esse padrão e ao mesmo tempo tencionar a formação dos docentes universitários e gestores é condição sine qua non para encarar os desafios que a universidade está enfrentando. Os educadores brasileiros devem ficar atentos a esse tema para incluí-lo no Plano Nacional de Educação que orientará as políticas da próxima década no país.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Entrevista de Dilma Rousseff ao Washington Post

Entrevista de Dilma Rousseff ao Washington Post
No Brasil, de prisioneira a Presidente
Por Lally Weymouth
Tradução de Paula Marcondes e Josi Paz, revisão de Idelber Avelar.

Ter sido uma presa política lhe dá mais empatia com outros presos políticos?
Sem dúvida. Por ter experimentado a condição de presa política, tenho um compromisso histórico com todos aqueles que foram ou são prisioneiros somente por expressarem suas visões, sua opinião pública, suas próprias opiniões.

Então, isso afetará sua política em relação ao Irã, por exemplo? Por que o Brasil apóia um país que permite o apedrejamento de pessoas, que prende jornalistas?
Acredito que é necessário fazermos uma diferenciação no que queremos dizer quando nos referimos ao Irã]. Eu considero [importante] a estratégia de construir a paz no Oriente Médio. O que vemos no Oriente Médio é a falência de uma política – de uma política de guerra. Estamos falando do Afeganistão e do desastre que foi a invasão ao Iraque. Não conseguimos construir a paz, nem resolver os problemas do Iraque. Hoje, o Iraque está em guerra civil. Todos os dias morrem soldados dos dois lados. Tentar trazer a paz e não entrar em guerra é o melhor caminho.
[Mas] eu não endosso o apedrejamento. Eu não concordo com práticas que possuem características medievais [quando se trata de] mulheres. Não há nuances; não faço concessões nesse assunto.
/
O Brasil se absteve em votar na recente resolução sobre os direitos humanos na ONU.
Eu não sou Presidente do Brasil [hoje], mas eu me sentiria desconfortável, como mulher eleita Presidente, não dizendo nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir o cargo. Eu não concordo com a forma em que o Brasil votou. Não é minha posição.

Muitos norte-americanos sentiram empatia pelo povo iraniano que se rebelou nas ruas. Por isso me pergunto se sua posição sobre o Irã seria diferente daquela do seu atual Presidente, que possui boa relação com o regime iraniano.
O Presidente Lula tem seu próprio histórico. Ele é um presidente que defendeu os direitos humanos, um presidente que sempre apoiou a construção da paz.

Como a Senhora vê a relação do Brasil com os EUA? Como gostaria de vê-la evoluir?
Considero a relação com os EUA muito importante para o Brasil. Tentarei estreitar os laços. Eu admirei muito a eleição do Presidente Obama. Acredito que os EUA revelaram uma grande capacidade de mostrar que são uma grande nação, e isso surpreendeu o mundo. Pode ser muito difícil ser capaz de eleger um Presidente negro nos os EUA - como era muito difícil eleger uma mulher Presidente do Brasil.
Eu acredito que os EUA têm uma grande contribuição a dar ao mundo. E, acima de tudo, acredito que o Brasil e os EUA têm um papel a cumprir juntos no mundo. Por exemplo, temos um grande potencial para trabalhar juntos na África, porque na África podemos construir uma parceria para disponibilizar tecnologias agrícolas, produção de bicombustíveis e ajuda humanitária em todos os campos.
Também acredito que, neste momento de grande instabilidade por causa da crise global, é fundamental que encontremos formas que garantam a recuperação das economias dos países desenvolvidos, porque isso é fundamental para a estabilidade do mundo. Nenhum de nós no Brasil ficará confortável se os EUA mantiverem altos índices de desemprego. A recuperação dos EUA é importante para o Brasil porque os EUA têm um mercado consumidor fantástico. Hoje, o maior superávit comercial dos EUA é com o Brasil.

A Senhora culpa o afrouxamento monetário [quantitative easing] por isso?
O afrouxamento monetário é um fato que nos preocupa muito, porque significa uma política de desvalorização do dólar que tem efeitos sobre o nosso comércio exterior e também na desvalorização das nossas reservas de divisas, que são em dólares. Para nós, uma política de dólar fraco não é compatível com o papel que os EUA têm, já que a moeda dos EUA serve como reserva internacional. E uma política sistemática de desvalorização do dólar pode provocar reações de protecionismo, que nunca é uma boa política a ser seguida.

Quando a Senhora planeja visitar os EUA? Sei que foi convidada para antes de sua posse, em 1º de janeiro, mas não podia ir.
Eu não estou aceitando os convites que recebo. Não estou visitando países estrangeiros. Tenho que montar o meu governo. Tenho 37 ministros para nomear. Estou planejando visitar o Presidente Barack Obama nos primeiros dias após minha posse, se ele me receber.

Então a Senhora convidará o Presidente Obama para vir ao Brasil?
Nós já o convidamos informalmente, durante a reunião do G-20.

Há preocupações na comunidade empresarial dos EUA sobre se o Brasil continuará o caminho econômico definido pelo Presidente Lula.
Não há dúvida sobre isso. Por quê? Porque para nós foi uma grande conquista do nosso país. Não é uma conquista de uma única administração - é uma conquista do Estado brasileiro, do povo de nosso país. O fato de que conseguimos controlar a inflação, ter um regime de câmbio flexível e ter a consolidação fiscal de forma que, hoje, estamos entre os países com a menor relação dívida / PIB do mundo. Além disso, temos um déficit não muito significativo. Não quero me gabar, mas temos um déficit de 2,2 por cento. Pretendemos, nos próximos quatro anos, reduzir a proporção dívida / PIB para garantir essa estabilidade inflacionária.

A Senhora disse publicamente que gostaria de ver as taxas de juro caírem. A Senhora irá cortar o orçamento ou reduzir o aumento anual de gastos do governo?
Não há como cortar as taxas de juros a menos que você reduza seu déficit fiscal. Somos muito cautelosos. Temos um objetivo em mente: que as nossas taxas de juros sejam convergentes com as taxas de juros internacionais. Para conseguir chegar lá, um dos pontos mais importantes é a redução da dívida pública. Outra questão importante é melhorar a competitividade de nossos setores agrícola e de manufatura. Também é muito importante que o Brasil racionalize seu sistema fiscal.

Se a Senhora quer baixar as taxas de juros, a Senhora tem que cortar os gastos ou aumentar a economia doméstica.
Você não pode se esquecer do crescimento econômico. Você tem que combinar muitas coisas.
Qual é seu plano?
Meu plano é continuar a trajetória que seguimos até aqui. Conseguimos reduzir nossa dívida de 60% para 42%. Nosso objetivo é atingir 30% do PIB. Eu preciso racionalizar os meus gastos e, ao mesmo tempo, ter um aumento do PIB, que leve o país adiante.

Então o que a Senhora quer dizer com “racionalizar gastos”?
Não estamos em uma recessão aqui. Nós não temos que cortar os gastos do governo. Nós vamos cortar despesas, mas vamos continuar a crescer.
Estamos seguindo um caminho muito especial. Este é um momento no qual o país está crescendo. Temos estabilidade macroeconômica e ao mesmo tempo, muita orgulho do fato de que conseguimos reduzir a extrema pobreza no Brasil.
Trouxemos 36 milhões de pessoas para a classe média. Tiramos 28 milhões da pobreza extrema. Como conseguimos isso? Políticas de transferência de renda. O Bolsa Família é um dos maiores exemplos.

Explique como funciona o Bolsa Família.
Pagamos um estipêndio, que é uma renda para os pobres. Eles recebem um cartão e sacam o dinheiro, mas têm duas obrigações a cumprir: colocar seus filhos na escola e provar que eles comparecem a 80% das aulas. Ao mesmo tempo, as crianças também devem receber todas as vacinas e passar por uma avaliação médica quando recebem as vacinas. Esse foi um fator, mas não foi o único.
Criamos 15 milhões de novos empregos durante a administração do Presidente Lula. Este ano, já criamos 2 milhões de novos empregos.

A Sra. é tão próxima do Presidente Lula. Será mesmo diferente ou apenas uma continuação da administração dele?
Eu acredito que minha administração será diferente da do Presidente Lula. O governo do Presidente Lula, do qual fiz parte, construiu uma base a partir da qual vou avançar. Não vou repetir a administração dele porque a situação no país hoje é muito melhor do que era em 2002.
Eu tenho os programas governamentais em andamento, que ajudei a desenvolver, como o chamado Minha Casa, Minha Vida, que é um programa de habitação.
Meus desafios são outros. Vou ter que solucionar questões como à qualidade da saúde pública no Brasil. Vou ter que criar soluções para problemas de segurança pública.
O Brasil passou por mais de 30 anos sem investir em infra-estrutura em uma quantidade suficiente. O governo do Presidente Lula começou a mudar isso. Eu tenho que resolver as questões rodoviárias no Brasil, as ferrovias, as estradas, os portos e os aeroportos.
Mas há uma boa notícia: descobrimos petróleo em águas profundas.

A Senhora está sugerindo que essa descoberta irá financiar a infra-estrutura?
Criamos um Fundo Social [no qual] alguns dos recursos do governo oriundos da descoberta do petróleo serão investidas em educação, saúde, ciência e tecnologia.

A Senhora tem que preparar o país para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas.
Sim, mas eu também tenho outro compromisso, que é acabar com a pobreza absoluta no Brasil. Nós ainda temos 14 milhões na pobreza. Esse é meu maior desafio.

Todos os empresários que conheci em São Paulo disseram que precisam estar muito preparados para as reuniões com a Senhora, porque a Senhora conhece bem a maioria dos projetos.
Sim, é verdade. Eu acho que é uma característica feminina. Nós apreciamos os detalhes. Eles, não.

O que significa, para a Senhora, ser a primeira mulher Presidente do Brasil?
Até eu acho incrível.

Quando a Senhora decidiu que queria ser Presidente?
Foi um processo. Não há uma data. Comecei a trabalhar com o Presidente Lula e ele começou a dar algumas dicas sobre eu vir a ser indicada à presidência, mas ele não foi claro no começo. Foi uma grande honra para mim, mas eu não estava esperando.
A partir do momento que ficou claro para mim que eu seria indicada, dois anos atrás, eu sabia que tínhamos criado as condições adequadas para tornar possível a vitória nas eleições. O Presidente Lula teve uma excelente administração e o povo brasileiro reconheceu e admitiu isso. Somos uma administração diferente - nós ouvimos o povo.

A Senhora recentemente lutou contra o câncer.
Sim, mas acredito que consegui lidar bem com isso. As pessoas têm que saber que o câncer pode ser curado. Quanto mais cedo você descobre, melhores suas possibilidades de cura. É por isso que a prevenção é importante. . . .
Acredito que o Brasil estava preparado para eleger uma mulher. Por quê? Porque as mulheres brasileiras conquistaram isso. Eu não cheguei aqui sozinha, só pelos meus méritos. Somos a maioria neste país.
PS: Original em inglês aqui. Todos os textos d'O Biscoito Fino e a Massa estão licenciados em Creative Commons. Ou seja, você pode reproduzi-los à vontade, desde que com correta atribuição de autoria (ou de tradução, conforme o caso) e link para a fonte.



Você me dá sorte! - Sorte - Gal e Caetano -Voces me dão sorte.Obrigado a todos por acessarem o blog

UMA BOA SEMANA PARA TODOS

sábado, 11 de dezembro de 2010

PAIS COMPRAM TRABALHOS ESCOLARES PARA SEUS FILHOS

Tirei este artigo do Jornal ZERO HORA DDE PORTO ALEGRE/RS. E fiquei profunda mente impressionado com o que esses pais pensam da vida, o que pensam passar para seus filhos. Estão criando futuros corruptos ou corruptores. O que será que há na cabeça desses idiotas, me perdoe, mas esse é o termo a ser usado nesse caso. Pais ensinado filhos como burlar, com enganar, como se fosse uma coisa qualquer. Este tipo de coisa acontece nas Universidades, onde compram seus trabalhos de conclusão de curso (monografias). Existem universidades e Universidades, as mais conceituadas já possuem métodos para detecta essas artimanhas de alunos relapsos. Maus alunos, incapazes de esforçar-se para adquirir conhecimentos que vão lhe ajudar na vida profissional. O que esperar de pessoas que tem esse tipo de atitude. Posso dizer. Serão futuros dirigentes desonestos, profissionais liberais desonestos, políticos desonestos enfim pessoas capazes de tudo para passar a perna nos outros de maneira ilícita e vergonhosa.
Professor Fumaça Genro
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Em um ato de desespero para buscar a aprovação dos filhos, famílias contratam professores para resolver questões no lugar dos filhos, estimulando um mercado condenável do ponto de vista do ensino e dando um péssimo exemplo para a formação dos estudantes. Zero Hora revela nesta reportagem como funciona esse mercado da educação

Por R$ 40, R$ 60, o ano letivo de um aluno dos ensinos Fundamental ou Médio pode estar garantido. Esses são alguns dos preços que pais estão pagando a professores de aulas particulares para executarem os trabalhos escolares dos filhos e, assim, engordar a nota final dos filhos, obtendo aprovação.

Sem qualquer participação dos estudantes, profissionais que deveriam educar se aproveitam do desespero e despreparo de famílias para faturar num mercado imoral e também criminoso compactuado por mães e pais.

Zero Hora comprovou essa realidade que ajuda a desfigurar ainda mais a já precária educação brasileira. A reportagem encomendou e comprou de dois professores da Capital trabalhos de matemática que, hipoteticamente, ajudariam a passar de ano um adolescente de 15 anos. Acompanhou também a tentativa de uma mãe para resolver o problema do filho, que arrisca rodar de ano, novamente, numa escola de Porto Alegre.

Com um trabalho de biologia para ser entregue no mesmo dia, essa mãe – que não será identificada para que o garoto permaneça no anonimato – tentava achar alguém que resolvesse as questões. Ao ligar para ela, a reportagem se passou por um professor interessado em fazer a tarefa. Ela já tinha achado um profissional para o serviço, mesmo assim falou de sua intenção:

– Quero que ele passe de uma vez.

Em poucos segundos de conversa, ela revela o seu desespero:

– Está difícil, não adianta mais dar sermão. Se não for assim, não avançam.

Perguntada se o professor escolhido faria as questões ou ensinaria, ela titubeia, sem explicar:

– Ele vai fazer, são só três questões. Mas acho que vai ensinar, acho até melhor que ensine do que fazer pronto, né?

Com o fim do ano se aproximando, os telefones de professores de aulas particulares tocam com muito mais frequência do que o normal. A maior parte procura ajuda para que ensinem seus filhos na última hora, mas alguns buscam o caminho mais curto, pensando exclusivamente em garantir a aprovação.

– Tem muito pai que pede mesmo. Nós orientamos, mas eles não querem saber – revela a secretária de uma escola especializada em aulas particulares.

“O que leva um pai a chegar a esse ponto?”

Nos corredores escolares, a prática não é nova e se infiltra perigosamente nas salas de aula. A diretora da Associação dos Orientadores Educacionais do Estado, Rosângela Diel, lamenta o protagonismo dos pais.

– A gente sabe que existe, mas ver se concretizar assim é bem assustador. O que leva um pai a chegar a esse ponto? – indaga Rosângela.

O pânico da reprovação é o motor que empurra esses pais para essas soluções sombrias, segundo a psiquiatra Nina Furtado, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

– Rodar de ano tem uma conotação de fracasso. Não é visto como aprendizado para melhorar. Os pais se perguntam: onde falhei como pai? Ou por que não tive um filho de sucesso? A dificuldade de lidar com isso fazem os pais partirem para atitudes extremas e desesperadas como esse péssimo modelo – diz Nina.

Para a especialista, pais que apelam para esse recurso perdem de vez o respeito com os filhos.

– Os pais cobram dos filhos atitudes que eles mesmos não têm. Como vai cobrar ética e bom comportamento? Para os jovens, os fins vão justificar os meios. Situações como essa atacam a base da sociedade, que é a família – pontua.

Para o doutor em psicologia infantil e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Becker, esses pais estão ensinando os filhos a delinquir:

– Desse jeito, os filhos podem pensar assim: posso faturar uma grana fácil vendendo droga, por que não? É o extremo oposto de qualquer processo educacional. Quando um pai chega a esse nível, já tem um longo trajeto de concessões e de falta de atitudes enérgicas e de moral.

ZEROHORA.COM


GUSTAVO AZEVEDO