quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

MARIA CLARA!

            Hoje dia 25 de fevereiro de 2015 completas 15anos. Não terás festa formal, mas sim a festa que está em nossos corações com o amor que te consagramos.
            És uma luz, um fogo, uma chama que incendiou nossos corações nesses 15 anos.
            Sei que muitas vezes não fui alquilo que imaginastes que seria um bom pai. Mas com certeza foram nesses momentos que mais te amei. Quando disse não. Quando não deixei. Quando briguei. Quando te contrariei.
            Nosso amor. Meu e da tua mãe é incondicional. Sem tempo. Sem restrições. Sem limites. É sempre amor.
            Sabemos eu e a Helô das nossas limitações como seres humanos. Como pais. Como quem ama. Mas tenhas sempre a certeza de que é junto com tuas irmãs a força que nos empurra para frente. A energia que nos move. A luz que ilumina e o vento que desfralda as velas dos nossos corações levando nosso barco para o acalanto do teu sorriso.
            Sempre estás e estarás em nossos pensamentos e em nossos corações. Na alegria e na tristeza na saúde e na doença. É uma união indissolúvel. Inseparável. Inquebrantável.
            Fazer parte da tua vida é um privilégio maravilhoso, mesmo que muitas vezes pareça não ser. Não esperamos que sejas a melhor. A mais inteligente. A mais linda. A mais mais. Apenas queremos que sejas nossa filha e antes de qualquer coisa gente. Que respeite as pessoas pelo que não são e não pelo que têm independente da cor, da conta bancária, da posição social.
           Com certeza a vó Joana e vô Chico e a vó Berta e o vô Rene estão nesse dia conversando lá no céu para que tenha uma vida repleta de paz, saúde, amor e com Deus em teu coração. O que eles fazem desde que nascentes com certeza.
            Nossas orações neste dia e em todos de tua vida são para que mantenhas a fé em Deus e na Nossa Senhora. Que todos eles iluminem tua vida como o amor do Espírito Santo. Com eles somos invencíveis.





Sonhe
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer.
 Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz.
 As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
 Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
 A felicidade aparece para aqueles que choram.
 Para aqueles que se machucam.
 Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.·.
Clarice Lispector


AMAMOS-TE FILHA. NUNCA DUVIDES DISSO.
FUMAÇA E HELÔ GENRO.
DIAMANTINO FEVEREIRO DE 2015



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Billie Holiday: um breve relato de blues


DEPOIS DE MUITO. MAS MUITO TEMPO MESMO VOLTO A COLOCAR ALGO NO MEU BLOG.


Falar de Billie Holiday é exaltar o nome de uma das maiores cantoras do século XX, considerada a primeira grande dama do jazz de todos os tempos, dona de uma voz única e sublime, que arrastava notas e dava à música uma nova roupagem em suas interpretações, influenciando uma legião de cantoras no mundo todo e perdurando seu legado por mais de cinco décadas após sua morte. Nasceu em 07 de abril de 1915, na Filadélfia, nos Estados Unidos. Teve uma infância humilde e conturbada, fomentada pelo desamparo materno, pelas dificuldades financeiras, pelo abuso sexual, passagens a reformatórios e iniciação à prostituição na adolescência. Sua mãe, Sarah Harris, muito pobre, separada do marido, não tinha condições de cuidar da filha, deixando Billie, que era até então apenas Eleonora Harris, seu nome de batismo, sob os cuidados da meia-irmã que, por sua vez, passou a menina para a responsabilidade de sua sogra. A pequena futura grande diva da música também passaria pela experiência de viver num reformatório. Posteriormente, ao voltar para os cuidados da mãe, onde passou a ajudá-la no restaurante construído, em Baltimore, seria abusada sexualmente por um vizinho. Mas, no lugar do homem que a abusou, a própria vítima foi quem sofreu as consequências, sendo levada novamente para um reformatório. Sim, a história de Billie é um dramático relato de blues, e não termina por aí. Na condição de pobre e negra, num país segregado pela discriminação racial, passou a oferecer serviços domésticos a um bordel local e, consequentemente, a se prostituir como forma de sobrevivência. E foi num dos quartinhos do bordel onde Billie trabalhava que ela, supostamente, ouviu na vitrola um disco de Louis Amstrong e Bessie Smith, apaixonando-se profundamente pelo som de ambos, que seriam as suas maiores influências musicais. A partir daí o espírito jazzístico passara a nutrir sob a alma blue da jovem, que começou a cantar no mesmo bordel de Baltimore. Em 1929, foi detida ao lado da mãe e de outras prostitutas, passando cem dias num reformatório. Logo depois, vai morar no Brooklyn com a mãe, atuando como cantora em bordeis e boates da cidade, como também nos Queens de Nova Iorque. Em 1933, a carreira de Billie tomaria o primeiro grande impulso quando foi ouvida pelo produtor John Hammond, num pequeno clube nova iorquino. Hammond teria ficado impactado com a sensibilidade vocal da jovem cantora, na época, ainda com 17 anos. Em novembro, vai para o estúdio pela primeira vez, acompanhada pela orquestra clarinetista de Benny Goodman. O nome Billie Holiday surgira por conta do pai da cantora, Clarence Holiday, um guitarrista de Baltimore, de quem Eleonora passou a usar artisticamente o sobrenome. Já para o “Billie”, há duas versões: a primeira, de que o pai da jovem costumava chama-la de Bill, e daí fez o salto; e a segunda, porque a cantora, quando menina, adorava ir ao cinema para assistir a atriz Billie Dove, grande estrela do cinema mudo. Pode-se dizer que os anos 30 e 40 foram o grande apogeu da cantora, que deixou em vida mais de 130 gravações, ao lado de grandes orquestras jazzísticas como as de Duke Ellington, Cout Basie e Teddy Wilson, assim como parcerias, posteriores, com o pianista Oscar Peterson e o baixista Ray Brown, na década de 50. Viveu uma vida turbulenta, cercada por altos e baixos, impulsionados por seus conturbados relacionamentos amorosos, que resultaram em três casamentos com homens oportunistas e violentos, e pelo vício degradante de drogas e bebida, o que afetaria, pouco a pouco, sua saúde física e a jovialidade de sua voz, que já na década de 40 mostrava sinais de declínio. Mesmo tornando-se uma grande estrela reconhecida internacionalmente, Lady Day, apelido concedido pelo amigo e saxofonista Lester Young, sofreu constantes discriminações em passagens por hotéis e restaurantes, por sua condição de mulher negra, revelados pela própria em entrevistas. “Strange fruit”, composição de Lewis Allan, pseudônimo do escritor Abel Meeropol, judeu comunista de Nova Iorque, e eternizada na voz de Billie, em 1939, relata como nenhuma outra a grande violência regida contra os negros, e tornou-se um símbolo da luta contra a discriminação racial. O fruto estranho citado na música fazia alusão aos linchamentos ocorridos principalmente no sul dos Estados Unidos, onde os corpos dos negros linchados ficavam expostos pendurados numa árvore. O mais assustador é deparar com as fotografias antigas da época e ver a naturalidade das pessoas frente aos cadáveres. O mesmo impacto fez com que Lewis Allan se inspirasse na letra de “Strange fruit”. Em 2012, foi lançado no Brasil o livro Strange fruit: Billie Holiday e a biografia de uma canção, escrito pelo jornalista David Margolick, com tradução de José Rubens Siqueira, editado pela Cosaic Naify, que reflete sobre a emblemática canção no momento de seu lançamento e todo o seu contexto histórico ligado à violência contra os negros nos Estados Unidos e a sua influência com o passar das décadas. Nos anos 50, quase esquecida pelo público, pelos empresários e pelas gravadoras, embora na Europa seu nome ainda cativasse as plateias, após sua volta aos Estados Unidos Billie decide escrever sua autobiografia como estratégia de marketing para que seu nome fosse novamente impulsionado na grande imprensa norte-americana de forma positiva, já que os últimos anos, agravados pelos excessos relacionados ao consumo de drogas e bebida e passagens pela prisão, tinham desfavorecido sua popularidade. O que seria a autobiografia intitulada Lady sings the blues, nem sequer foi, de fato, escrita. O jornalista Willian Dufty, o escritor fantasma contratado pelo terceiro marido de Billie, supostamente interessado em faturar em cima do nome da esposa, apresentou um trabalho biográfico um tanto quanto falseado e apelativo, beirando a comiseração, sabendo que tais ingredientes estimulariam as vendas. Contudo, a autobiografia romanceada de Lady Day ao menos devolveu um pouco da fama à cantora, que se mostrava cada vez mais vulnerável e com a saúde debilitada. Embora os últimos anos de Billie tenham sido depressivamente instáveis, com passagens mal sucedidas em clínicas de reabilitação e experiências nada agradáveis com a justiça, é possível encontrar belos achados daqueles anos na internet, em apresentações na Europa e nos Estados Unidos, como em 8 de dezembro de 1957, no The sound of jazz, programa estadunidense de grande audiência na época, nos estúdios da CBS, onde foi convidada para cantar, ao lado do saxofonista Lester Young, a canção “Fine and mellow”. Considerado um dos melhores registros da última década de sua vida. Na manhã do dia 17 de julho de 1959, morria, aos 44 anos, a primeira grande dama do jazz. E, como no caso de outros artistas que partiram cedo, a morte de Billie apenas alavancou ainda mais sua popularidade e fez de Lady Day uma das maiores lendas do jazz de todos os tempos. Onde quer que se fale sobre o gênero, é quase inevitável que seu nome seja citado. (Fonte: Márwio Câmara,10/05/2013)