terça-feira, 25 de janeiro de 2011

OS SONS QUE FARÃO A DIFERENÇA _Este é um texto que deve interessar a todos os profissionais da educação.

Lei torna disciplina obrigatória nos ensino fundamental e médio das escolas brasileiras. Motivados para repassar o conhecimento musical, professores garantem que a matéria vai melhorar o rendimento escolar dos estudantes
Os instrumentos musicais já podem fazer parte da lista de material escolar dos alunos das escolas públicas e privadas do Distrito Federal. Sancionada no dia 18 de agosto de 2008 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei nº 11.769, que torna obrigatório o ensino de música, passou a valer para o ensino fundamental e médio de todas as escolas brasileiras.
Décio Gorini, professor de apreciação musical do Colégio Sigma, observa que estudar música é ter a capacidade de entender um pouco além da linguagem musical que a mídia expõe para os jovens. Ele considera o estudo musical importante, principalmente para o estímulo auditivo.
Mas os pais e alunos devem entender que as aulas de apreciação musical não visam a formar novos músicos. As aulas não serão de prática musical, explica o professor: “A disciplina não tem o objetivo de formar músicos. Nosso objetivo vai, além disso,”, esclarece.
Durante o curso de apreciação musical, o aluno terá acesso à história das raízes da música popular brasileira. Décio garante que a disciplina servirá para o estudante entender como uma música é criada e seus conceitos de acordes, além de receber noção técnica e conhecimento estético musical: “É um curso no qual os alunos ouvirão música nas aulas, terão explicação histórica, saberão o que significa a ópera, sinfonia, e será uma aula bem interdisciplinar”, destaca o professor de apreciação musical.
Décio acrescenta que a interdisciplinaridade da nova disciplina será relevante também para o bom desempenho escolar: “Teremos aulas de história, geografia e até mesmo de literatura”, enumera. Experiente no ensino da música, o professor conta que nunca enfrentou problemas em sua disciplina e que, apesar de parecer um momento para diversão, suas aulas são levadas a sério pelos estudantes. Ele garante que, mais do que simples aulas de música, os alunos conseguem ver que há muito que aprender com a disciplina.
Décio ressalta que a apreciação musical deve ser vista como uma disciplina importante do ponto de vista do bom desempenho no vestibular. Ele lembra que matérias de artes já são cobradas com grande peso nessas avaliações: “Antes, o vestibular era concentrado em matérias de exatas e portuguesas. Hoje podemos perceber que as instituições de ensino superior estão se transformando e colocando as artes em um lugar privilegiado”, compara o professor.
Mais do que cumprir a lei
Sandra Zita Dine, assessora da Subsecretaria de Educação Básica, acredita que a inserção da apreciação musical como matéria obrigatória no currículo da educação básica é um reconhecimento da importância da arte na formação dos jovens: “Sem dúvida, na sensibilização, na coordenação motora e no desenvolvimento de raciocínio, a música irá ajudar os estudantes”, aposta a assessora. E conclui: “Além do ganho de conhecimento na área, o ensino de música desperta a coordenação e a concentração do aluno, além de ser bom para todas as outras áreas. A disciplina irá refletir no currículo. Tanto para sensibilização artística como para a cidadania e o aumento de conhecimento”, garante a assessora.
Em agosto deste ano as escolas devem inserir a matéria no currículo, mas Sandra anuncia que já se estuda a possibilidade de a disciplina estar nas instituições de ensino do Distrito Federal antes do prazo.
Receitas no futuro
“A mesma importância que tem o ensino de português e de matemática tem o ensino musical”, avalia o coordenador geral da Escola de Música de Brasília, maestro Jonas Correia. Ele alerta que, ao contrário do que acontece em uma escola técnica profissional de música, as escolas da rede de ensino devem preparar os estudantes para “viver a música, participar de concertos e entender”, além de dar a eles a condição e a capacidade de interagir e dialogar sobre música: “O cidadão deve ter formação mais completa. O compartilhamento de linhas de aprendizagem deve ser completo e sempre faltou à educação musical”, observa o maestro.
Jonas Correia acredita que o único problema a ser enfrentado será com a formação de profissionais capacitados para dar aulas. Ele diz que Brasília ainda é carente de profissionais da área e, mais do que saber a música na prática, os futuros professores deverão ter conhecimento: “Acredito que deve haver, da parte dos governantes, interesse em fazer um trabalho e entender que dominar a prática não é ter formação profissional, mas sim ter conhecimento da música”, finaliza.
NATALIA RABELO
nrabelo@jornaldacomunidade.com.br.Redação Jornal da Comunidade

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