segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

VOCÊ TAMBÉM É UM TERRORISTA OU ESTA SENDO ACUSADO INJUSTAMENTE?

EXCELENTE TEXTO DE UM FUNCIONÁRIO DO TRE DE CUIABÁ- MT, CUJO NOME ESTÁ NO FINAL DO TEXTO
Foi assim que Margaret Thatcher se referiu ao falar sobre Nelson Mandela, chamou de terrorista, o homem que lutou contra a discriminação racial e a desigualdade social. Este homem dedicou sua vida a lutar por seus ideais, e por isso, permaneceu preso por cerca de 27 anos, a maior parte dos quais, numa prisão, situada em uma ilha em torno da qual circulava grande quantidade de tubarões alimentados esporadicamente e propositadamente.
O jovem negro e advogado permaneceu até 1961 defendendo a não violência e a luta pacífica contra um regime político-jurídico que instituiu o Apartheid (significa "vidas separadas" em africano) – regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul direitos sociais, econômicos e políticos, ou em outras palavras estabelecia direito distintos para negros e brancos e reforçava a separação de raças.
Embora a segregação existisse na África do Sul desde o século 17, quando a região sofreu forte influência de ingleses e holandeses durante a “colonização”, o termo (Apartheid) passou a ser usado legalmente (isso mesmo legalmente) em 1948.
Entre as principais leis do apartheid, podemos citar:
- Proibição de casamentos entre brancos e negros - 1949.
- Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-afriacanos (branco, negro ou mestiço) - 1950.
- Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades – 1950 (algumas calçadas eram pintadas em cor verde em regiões mais nobres de determinadas cidades e sobre elas os negros não podiam transitar)
- Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros) - 1951
- Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos) - 1953
- Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões – 1953
Leis estas que permaneceram em vigor até a década de 90.
Foi contra este regime que se levantou o jovem advogado que tentava utilizar as leis “brancas” para defender brancos e negros, participando de manifestações pacíficas. Este mesmo homem, seguido por sua coragem (coragem de defender suas ideias) passou a ser ouvido nas ruas e praças, e logo participou da fundação de um movimento conhecido como CNA (ANC) Congresso Nacional Africano.
Sua luta era por vezes pelo direito de não serem os negros espancados em público, humilhados em público (isso era considerado uma afronta ao Estado governado pelos Branco com o regime do Apartheid) ou pelo simples direito de não serem as crianças matriculadas em escolas negras (segredadas e criadas pelo próprio regime de Apartheid) obrigadas a aprender o africanber em detrimento de sua própria língua. Isso é pedir muito? Isso é ser terrorista?
A medida que defendia suas ideias tornava-se conhecido e passou por isso a ser considerado um risco e, portanto, um inimigo do regime Apartheid, o que motivou sua prisão em 1964, embora os movimentos contra o Apartheid tenham tido início desde 1950.
Este jovem negro não era um taumaturgo capaz de arregimentar multidões com um só discurso, conta a história, que sequer era considerado um orador, não era um excelente técnico, nem desenvolveu qualquer teoria jurídica ou por qualquer meio que implicasse elevados conhecimentos jurídicos. Talvez os grandes juristas do Estado Repressor Sul-Africano, fossem os maiores defensores do Apartheid a justificar sua manutenção. Mas a sensibilidade, o carisma, a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro) e a coragem de vencer o Injusto, bem como, sua própria história de vida é que faziam dele um grande líder.
Mandela não criou nenhuma grande teoria política, não concebeu qualquer engenhoso mecanismo de controle social, simplesmente pensou a liberdade, sentiu a dor do “outro”(s), sofreu o preconceito e os rótulos, vastamente utilizados em nossa sociedade todos os dias. Quantas vezes não fomos ou somos rotulados ou taxados, ou mesmo nos pegando fazendo isso com os outros?
Mandela não gastou a sua vida consigo mesmo, depois de sair da prisão encontrou-se com Margaret Thatcher sem fazer qualquer menção ao rótulo que receberá da Primeira Ministra do Reino Unido, para quem a sociedade era uma “baboseira”. O homem que foi levado a prisão ainda jovem, e que de lá só saiu quando já era avô (com cerca de 70 anos) teve sensibilidade, humanidade, integridade e compaixão, valores que nem sempre estão presentes nos grandes tratados das ciências humanas, exatas e biológicas.
Somente na década de 90 é que o regime desmoronou e tudo começou com as manifestações e com a libertação do líder negro Nelson Mandela, pelo então Presidente, Frederik De Klerk.
Lembro-me da cena de manifestações dos sul-africanos nas ruas em 1990, quando a cavalaria tentava intimidar a multidão lançando os cavalos contra a população, e lembro como, naquele dia, fiquei indignado com a violência, quando subitamente um dos comandantes da cavalaria caiu do cavalo no meio da multidão. Para mim esta cena pareceu um sinal muito significativo de que as coisas iriam de fato mudar.

O que me faz lembrar de algumas das frases mais célebres de Nelson Mandela:
1-      “Tal como a escravidão e o apartheid. A pobreza não é natural é feita pelo homem e pode ser ultrapassada e erradicada pelas ações dos seres humanos.”
2-      “Aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele.”
3-      “Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia.”
4-      “Não se deve julgar uma Nação pela forma como trata seus cidadãos de melhor posição, senão por como trata os que têm pouco ou nada.”
5-      “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

6-      “Uma boa cabeça e um bom coração, formam uma combinação formidável.”

7-      “Não há nada de brilhante em encolher-se para que  as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E a medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.”

Com a alegria de poder constatar almas nobres a lutar por razões não egoístas, mas sim altruísta, me despeço prestando esta singela homenagem ao homem que ajudou a derrotar o racismo em todo mundo, e peço que aceite minhas desculpas, se ao compartilhar com vocês este texto, alguém o considerou uma perda de energia e tempo ou uma afronta ao seu direito de não se envolver com qualquer questão.
Fraternamente,
Kelsen de França Magalhães-SERVIDOR DO TRE CUIBÁ
"Um dia o homem que só priorizava o tempo, se viu sem tempo e também sem amigos."



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