sábado, 26 de novembro de 2011

SINCERAMENTE EU GOSTARIA DE DIZER QUE A PROFESSORA ESTÁ TOTALMENTE ERRADA, MAS NÃO POSSO.

Professor, espécie em extinção, por Janice Rodrigues Gomes*- MATÉRIA RETIRADA DO JORNAL ZERO HORA DE PORTO ALEGRE DIA 26/11/2011

          A população o enxerga de maneira dúbia, ora mocinho, ora vilão. A profissão, há tempos, vem perdendo o seu valor. Todavia, o que a sociedade deve reconhecer é que necessita do professor. Não apenas para educar. O papel docente exerce função social ímpar na vida de um cidadão, ultrapassa os limites da sala de aula. Porém, apesar de essencial, poucos ainda sonham em ser professor. Escolhe licenciatura, na maioria das vezes, aquele que não conseguiu ingressar em outro curso – mais concorrido ou mais oneroso. Assim, opta por uma atividade que deveria tão somente ser escolhida pela vocação, sem a qual não há como educar.

          Exige extrema aptidão entrar em uma turma repleta de crianças ou adolescentes, dispondo de parcos recursos, ter de contentar a todos, em meio a incontáveis obstáculos, sair da turma e entrar em outra quase idêntica. Geralmente, o mestre acaba o dia frustrado, volta para casa carregado de materiais para corrigir ou outra aula para preparar, permanece na lida até certa hora da madrugada e, no outro dia, recomeça. Haja vocação!

          Ninguém o obrigou a escolher essa profissão. Escolheu? Suporta. A sociedade, sem refletir, faz eco a tais expressões. Muitos sequer imaginam o quão frustrante é enfrentar tantos percalços e não ter o almejado apoio, nem da comunidade escolar, nem da própria família, os quais ainda complementam os comentários com frases como “Professor? Vai morrer de fome!”. Provavelmente por esses e tantos outros motivos, cada vez menos se procure a profissão. Mesmo aqueles que têm a vocação preferem arriscar-se em outras áreas a terem seus sonhos mutilados.

          Não obstante, sabe-se do prejuízo à nação se, hoje, todos abandonassem o ofício. E se os professores dessem a batalha por vencida? A população certamente ficaria revoltada. Tanto que, mesmo com a baixa adesão à atual greve do magistério, a maioria do povo é contrária à causa. As férias, os sábados, tudo parece mais importante do que ouvir as angústias desses profissionais. Não é à toa que o Rio Grande do Sul tem perdido posições em avaliações como o Enem. É preciso que a sociedade esteja ao lado do professor, e não contra ele, preferindo pensar no quanto suas férias ficariam comprometidas com uma greve. O egoísmo cega aqueles que pensam assim e os torna ignorantes, a ponto de não compreenderem o valor imensurável dessa profissão. Valor que ultrapassa os limites monetários.

*PROFESSORA DA REDE PRIVADA DE ENSINO

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