quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Éramos Poesia e não sabíamos! (Triste realidade) – sugestão de leitura de Rubens Pontes


O “meu” tempo era marcado pelas canções cantadas por Agostinho dos Santos (esquerda), Elizeth Cardoso (direita), Lúcio Alves (abaixo, à esquerda), Nara Leão, Maísa, Dick Farney, das serenatas, das rosas enviadas…

Uma análise da evolução da relação de conquista e do amor do homem para a mulher, através das músicas que marcaram época. Não é saudosismo, mas vejam como os quarentões, cinquentões, tratavam seus amores.
É por isso que de vez em quando vemos uma mulher nova enroscada no pescoço de um quarentão. Ou cinquentão. Ou, até mesmo, um sessentão. (Rubens Pontes).

1 – Ele aparece na casa dela com um compacto simples embaixo do braço, ajeita a calça Lee e coloca na vitrola uma música papo firme:
- “Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito, não é maior que o meu amor, nem ** mais bonito. Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar, como é grande o meu amor por você…”.


Década de 70:
- Ele chega em seu fusca, com roda tala larga, sacode o cabelão, abre porta pra mina entrar e bota uma melô joia no toca-fitas: *
- “Foi assim, como ver o mar, a primeira vez que os meus olhos se viram no teu
olhar….*Quando eu mergulhei no azul do mar, sabia que era amor e vinha pra
ficar…”

Década de 80:
- Ele telefona pra ela e deixa rolar um:
- “Fonte de mel, nos olhos de gueixa, Kabuki, máscara. Choque entre o azul e cacho de acácias, *luz das acácias, você é mãe do sol. Linda…”.

Década de 90:
- Ele liga pra ela e deixa gravada uma música na secretária eletrônica:
- “Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz. Mas já não há caminhos pra
voltar.* E o que é que a vida fez da nossa vida? O que é que a gente não faz por amor?”.

Em 2001:
- Ele captura na internet um batidão legal e manda pra ela, por e-mail: *.
- “Tchutchuca! Vem aqui com o teu Tigrão. Vou te jogar na cama e te dar muita
pressão! * Eu vou passar cerol na mão, vou sim, vou sim! Eu vou te cortar na mão!
* Vou sim, vou sim! Vou aparar pela rabiola! Vou sim, vou sim”! *

Em 2002:
- Valesca popozuda.
- Ele manda um e-mail oferecendo uma música:
*”Só as cachorras! Hu Hu Hu Hu Hu!
As preparadas! Hu Hu Hu Hu!
*As poposudas! Hu Hu Hu Hu Hu!”

Em 2003:
Ele oferece uma música no baile:
- “Pocotó pocotó pocotó…minha éguinha pocotó! *

Em 2004:
Ele a chama pra dançar no meio da pista:
– “Ah! Que isso? Elas estão descontroladas! Ah! Que isso? Elas Estão
descontroladas! * Ela sobe, ela desce, ela dá uma rodada, elas estão descontroladas!”.

Em 2005:
Ele resolve mandar um convite para ela, através da rádio:
- “Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bunda lelê!”.

Em 2006:
Ele a convida para curtir um baile ao som da música mais pedida e tocada no país:
- “Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha!
*Calma, calma foguetinha! Piriri Piriri Piriri, alguém ligou pra mim!”.

Em 2010:
Ele encosta com seu carro com o porta-malas cheio de som e no máximo volume:
- “Chapeuzinho, pra onde você vai, diz aí menina que eu vou atrás.
Pra que você quer saber?
Eu sou o lobo mau, au, au
Eu sou o lobo mau, au, au
E o que você vai fazer?
Vou te comer, vou te comer, vou te comer,
Vou te comer, vou te comer, vou te comer,
Vou te comer, vou te comer, vou te comer” *.

- “Onde foi que nos erramos”? perguntam-se alguns. Será que ainda é possível pior

Nenhum comentário:

Postar um comentário