Ainda não li o livro que o texto cita, mas acompanhei a discussão toda e sinceramente não tenho uma opinião formada. Sou sim a favor da liberdade de expressão em totalmente contra qualquer tipo de censura. Estou trazendo aqui no blog um motivo para uma discussão onde todos tem o direito de concordar ou não.
04 de junho de 2011
NILSON SOUZA
Preconceito linguístico
Acho que desde os Versos Satânicos, de Salman Rushdie, não se via uma polêmica tão grande em torno de um livro – e ironicamente no momento em que esses objetos de papel também vêm sendo condenados à morte pelos fundamentalistas da tecnologia. Refiro-me ao igualmente satanizado Por uma Vida Melhor, distribuído à rede pública de ensino com a chancela do Ministério da Educação. No capítulo intitulado “Falar é diferente de escrever”, o autor sugere que a frase “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” pode ser pronunciada sem problemas, desde que o dono da palavra fique atento, porque corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico.
Como assim, preconceito linguístico? Também me doeu esta acusação. Num primeiro momento, achei que o livro estava defendendo o analfabetismo e se vacinando contra possíveis críticas. Depois, ouvi com atenção a defesa que o ministro da Educação fez do livro e fui olhar mais de perto. Li o capítulo da controvérsia e não percebi qualquer atentado ao bom senso, a não ser a referida rotulação. Sempre os outros é que são preconceituosos. Mas o livro não desmerece o ensino formal. Até recomenda ao usuário que leia e pratique a escrita, como fazem todos os bons livros didáticos.
Há, porém, um visível ranço ideológico nas entrelinhas. É classe dominante para cá, preconceito social para lá. O texto é um tanto panfletário, mas passaria despercebido se não viesse acompanhado da advertência: cuidado, você pode ser vítima de preconceito linguístico. Ou seja: passa a impressão de que quem fala e escreve de acordo com as regras gramaticais é também um potencial preconceituoso da língua.
Ainda assim, acho que o livro é útil. Não me agrada que seja recolhido, como sugerem algumas autoridades. A censura sempre leva implícita uma mensagem de desconsideração a quem alega proteger. Professores e alunos têm todo o direito de examinar o livro, discutir a sua proposta e escolher o ensinamento que devem tirar dela. Não é um livro perigoso, como alguns críticos apressados rotularam. É apenas provocativo.
Sobre polêmicas gramaticais, o sempre genial Luis Fernando Verissimo foi definitivo no seu Gigolô das Palavras: “Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar”.
Também acho. E encerro fazendo um trocadilho do trocadilho: falar errado pode parecer certo, mas está errado, certo?
Como assim, preconceito linguístico? Também me doeu esta acusação. Num primeiro momento, achei que o livro estava defendendo o analfabetismo e se vacinando contra possíveis críticas. Depois, ouvi com atenção a defesa que o ministro da Educação fez do livro e fui olhar mais de perto. Li o capítulo da controvérsia e não percebi qualquer atentado ao bom senso, a não ser a referida rotulação. Sempre os outros é que são preconceituosos. Mas o livro não desmerece o ensino formal. Até recomenda ao usuário que leia e pratique a escrita, como fazem todos os bons livros didáticos.
Há, porém, um visível ranço ideológico nas entrelinhas. É classe dominante para cá, preconceito social para lá. O texto é um tanto panfletário, mas passaria despercebido se não viesse acompanhado da advertência: cuidado, você pode ser vítima de preconceito linguístico. Ou seja: passa a impressão de que quem fala e escreve de acordo com as regras gramaticais é também um potencial preconceituoso da língua.
Ainda assim, acho que o livro é útil. Não me agrada que seja recolhido, como sugerem algumas autoridades. A censura sempre leva implícita uma mensagem de desconsideração a quem alega proteger. Professores e alunos têm todo o direito de examinar o livro, discutir a sua proposta e escolher o ensinamento que devem tirar dela. Não é um livro perigoso, como alguns críticos apressados rotularam. É apenas provocativo.
Sobre polêmicas gramaticais, o sempre genial Luis Fernando Verissimo foi definitivo no seu Gigolô das Palavras: “Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar”.
Também acho. E encerro fazendo um trocadilho do trocadilho: falar errado pode parecer certo, mas está errado, certo?
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