quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Servidores buscam descredenciamento do MT Saúde


Segundo sindicato, cerca de 100 servidores abandonam o plano por dia
Secom-MT
Servidores pagam, mas não recebem atendimento médico em Mato Grosso
LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Diariamente, em média, 100 servidores estão abandonando o MT Saúde, plano de saúde oferecido pelo Governo do Estado aos funcionários públicos, com valores já descontados da folha de pagamento.

Pelo menos, essa é a estimativa feita pelo integrante do Fórum Sindical e presidente do Sinterp-MT (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Assistência e Extensão Rural do Estado de Mato Grosso), Gilmar Brunetto.

“Estão abandonando o plano, em média, 100 servidores por dia. Éramos 22 mil titulares quando o plano funcionava bem. Hoje, acredito que já existam menos de 15 mil”, afirmou, em entrevista aoMidiaNews.
http://www.midianews.com.br/images/aspas_right.gif"Estão abandonando o plano, em média, 100 servidores por dia", diz integrante do Fórum Sindical
Hoje, aproximadamente 45 mil usuários do MT Saúde estão “sem rumo”, buscando atendimento particular ou pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Cansados de terem os valores do plano de saúde descontados mensalmente da folha de pagamento, mas sem garantia de atendimento pela rede credenciada, os servidores têm buscado a execução do contrato junto à Justiça, requerem à SAD (Secretaria de Administração) o bloqueio do pagamento ou simplesmente se descredenciam do plano.

“O servidor tem o valor sendo descontado do salário dele; então, a rede não pode penalizá-lo. Nosso sindicato está orientando os servidores a aguardarem a votação e implantação do novo modelo de gestão, porque se você for migrar individualmente para outro plano, você vai pagar um absurdo. E o servidor com os comprovantes de que está pagando o plano em dia, em caso de uma emergência, tem amparo jurídico para receber o atendimento”, orientou o sindicalista.

Em reunião com o promotor Miguel Slhessassarenko, na terça-feira (2), o Fórum Sindical sugeriu que o MPE atue como mediador de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) a ser assinado pelo Governo do Estado, por meio da SAD, pela operadora do MT Saúde, pela operadora São Francisco Saúde e pela rede credenciada.
http://www.midianews.com.br/images/aspas_left.gif"O servidor tem o valor sendo descontado do salário dele; então, a rede não pode penalizá-lo", afirma sindicalista
“Foi uma sugestão nossa e o promotor acatou. O que nós queremos é que, enquanto não se decide por um novo modelo de gestão, o atendimento seja garantido. A rede que execute na Justiça a dívida do Estado para com ela, que receba de outra forma, mas não penalize o trabalhador, que está pagando o plano todo mês”, disse.

Segundo Brunetto, a SAD e a operadora São Francisco Saúde afirmam que, da dívida de R$ 44 milhões contraída pelo Estado junto à rede credenciada e que foi parcelada em abril deste ano – devendo ser quitada até 10 de outubro –, apenas R$ 7,5 milhões restam para serem quitados.

A rede credenciada, porém, acusa que a dívida atual do Estado junto aos hospitais, clínicas, médicos e laboratórios conveniados somam aproximadamente R$ 46 milhões, por não terem recebido pagamento algum das últimas três parcelas da dívida, somados aos atendimento realizado após o acordo e também não honrados pelo governo.

Caso a quitação da primeira dívida não resulte no retorno imediato do atendimento, os servidores defendem que nada seja pago pelo Estado.

“A São Francisco e a SAD nos informaram que da dívida que devia ser quitada até 10 de outubro, faltam pagar apenas R$ 7,5 milhões. Mas, se não for para a rede credencia voltar o atendimento, nós também queremos que [o Estado] não pague [a dívida]. Nós temos que garantir o nosso atendimento, porque, lá atrás, a Samaritano [antiga gestora do MT Saúde] recebeu o dinheiro e não pagou a rede”, argumentou Brunetto.
http://www.midianews.com.br/images/aspas_right.gif"Se não for para a rede credenciada voltar o atendimento, nós também queremos que [o Estado] não pague [a dívida]", diz servidor
Novo modelo de gestão

Está tramitando na Assembleia Legislativa, sem previsão de votação, projeto de lei complementar que regulamenta um novo modelo de gestão do MT Saúde. Porém, o que parecia a solução dos problemas enfrentados pelos usuários está longe de ser resolvido, segundo Brunetto.

O Fórum Sindical pede pela apreciação do projeto até quinta-feira (11), a fim de garantir que todo o processo para encaminhamento da licitação não seja zerado e precise ser recomeçado, demorando ainda mais para retomar o atendimento aos usuários.

“Agora, se até quinta-feira da semana que vem não for votada a nova lei, de mudança de gestão, a nossa providência será outra. Vamos ter que pedir ressarcimento do dinheiro do tempo que em ficamos sem atendimento”, afirmou Brunetto.

Requerimento


O Fórum Sindical vai protocolar, ainda esta semana, um novo requerimento junto à SAD, ao MT Saúde e à São Francisco Saúde, para que forneçam a relação de pagamentos efetuados e procedimentos realizados nos últimos meses.

“Hoje, no mais tardar amanhã, o Fórum Sindical vai protocolar na São Francisco, na MT e na SAD o requerimento solicitando todos os procedimentos, pagamentos e recebimentos da São Francisco até a presente data. Porque isso é público, é dinheiro nosso, eles não têm porque negar. Já pedimos em abril, mas até agora não fomos atendidos”, reclamou.
"Não adianta também nós termos bons planos de saúde, porque a logística da Saúde aqui está muito defasada", reclama presidente do Sinterp-MT
Brunetto afirmou o Fórum também deve apresentar, na próxima semana, o resultado da auditoria realizada nas contas dos últimos dois anos de gestão do MT Saúde e afirmou que há indícios de superfaturamento nos preços praticados pelo plano em outras gestões.

“Tem indícios de superfaturamento, mas não sei quem está fazendo isso. São coisas absurdas. Quarta-feira nós vamos apresentar a nossa auditoria dos últimos dois anos”, disse.

Sem estrutura


Brunetto ressaltou, porém, que não adianta o plano de saúde funcionar bem na Capital, se a estrutura de saúde oferecida pelo Estado e pela rede particular não melhorar consideravelmente nos próximos meses.

“Não adianta também nós termos bons planos de saúde, porque a logística da saúde aqui está muito defasada. Faltam leitos, UTIs, hospitais, médicos. A população de Cuiabá e de Mato Grosso cresceu e os leitos diminuíram. Hoje, a rede de saúde não atende a demanda”, pontuou.

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