quarta-feira, 25 de julho de 2012

A fé não precisa de artifícios para ser incorporada ou mantida pelo cidadão


TEXTO RETIRADO DO SITE MIDA NEWS E COM O QUAL EU Profº Fumaça Genro CONCORDO

Nasci na primeira metade do século XX. Naquela época os religiosos/as da Igreja Católica Apostólica Romana, usavam vestes próprias: as batinas e os hábitos.
          As missas eram realizadas em latim, com o oficiante em um altar de costas para os fiéis.
         Nem pensar em receber a Santa Eucaristia sem antes passar pelo confessionário.
         A igreja era um lugar de paz, meditação consagração e agradecimento. Um órgão acompanhava uma cantora lírica e um coral na interpretação dos hinos sagrados, que penetravam fundo em nossos corações.
Era o ritual da fé. Saíamos do templo sagrado certos do perdão alcançado e de alguma graça pedida e recebida.
         Os tempos agora são outros. A sensação que fica aos mais antigos que frequentam a moderna igreja católica, é que foi passada uma borracha nos rituais de antigamente. A fé agora precisa de amuletos.
Estas mudanças, dizem os entendidos, foram feitas com o objetivo de captar mais ovelhas para o rebanho do Senhor. Muitas estavam sendo atraídas para outros pastos.
         Entretanto, na prática, não foi bem isso que aconteceu. As estatísticas e os serviços da igreja comprovam que, mesmo assim, esse rebanho foi reduzido.
         Das inúmeras inovações introduzidas no modernismo da religião católica, quero citar apenas uma: a coreografia religiosa. Dizem que ela age como fator agregador da fé. Tenho minhas dúvidas.
Infelizmente, o culto religioso dos tempos modernos, se assemelha muito a um grande programa de auditório. Todos dançam, cantam e batem palmas.
         No entanto, a motivação de quem sai de casa para assistir a uma missa é totalmente diferente daquele que procura um prêmio em um auditório do Gugu, Faustão, Sílvio Santos e tantos outros.
         Além de produzir a desconcentração dos fiéis no momento do encontro espiritual tão procurado, tentam homogeneizar os sentimentos das pessoas.
A música eletrônica, com bateria e puxador de hinos, deixa na saudade o som dos antigos órgãos, que funcionavam como chave para abrir comportas das nossas emoções.
        Será mesmo que essa recente coreografia religiosa, que transformou o espaço de orações em um imenso auditório de programa de diversão, era para evitar a evasão de fiéis? Não creio.
        Não creio que a coreografia religiosa implantada, tenha aumentado à fé dos ferrenhos seguidores das palavras do Senhor. Pelo contrário, foi uma ducha fria na fé de muitos.
         Se até hoje acreditamos nos dogmas da igreja, por que acrescentar a coreografia inibidora?
        Temos muito ainda que analisar. Religião para mim é questão de fé. E a fé não precisa de artifícios para ser incorporada ou mantida.·.

GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).


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