domingo, 4 de novembro de 2012

Morre a cantora Carmélia Alves, um dos grandes nomes da Era do Rádio


Apelidada de Rainha do Baião por Luiz Gonzaga, Carmélia viveu o auge de sua carreira entre as décadas de 1940 e 1970.
O GLOBO-


RIO - Em seu último show "As eternas cantoras do rádio", em setembro de 2009, na Academia Brasileira de Letras, Carmélia Alves se apresentava com as companheiras Ellen de Lima e Carminha Mascarenhas. Foi quando ela se esqueceu dos versos da música "Ninguém em ama", que tanto cantara na época de ouro da Rádio Nacional.
O público acompanhou, mas ela abaixou a cabeça e não cantou mais. Aquele momento marcou o adeus de Carmélia, grande cantora que representa parte da história da música brasileira com suas interpretações alegres e apaixonadas.
Nascida em fevereiro de 1923, na cidade do Rio de Janeiro, Carmélia Alves era filha de Raimundo, nascido no Ceará e da baiana Adelina. Ainda pequena, mudou-se com a família para Areal, em Petrópolis, onde foi criada. Com 17 anos voltou ao Rio para estudar e começou a se interessar por música, especialmente as cantadas por Carmen Miranda. Chegou a participar de programas "Calouros em desfile" e "Estrada do Jacó", comandados por Ary Barroso no final da década de 1930.
Apesar de brilhar nas rádios Cruzeiro do Sul e Tupi, foi no ambiente do Copacabana Palace que Carmélia teve os primeiros contatos com grandes nomes da música brasileira e do cenário internacional. Em 1940, quando ela já cantava na Rádio Mayrink Veiga, foi convidada pelo locutor César Ladeira para fazer o horário que antes era de Carmen Miranda. Nesta época, ela conheceu o cantor Jimmy Lester, morto em 1998, com quem ficaria casada durante 54 anos.
No final dos anos 1940, os boleros, ranchos e marchas tomavam conta das rádios. Mas, em meio a esses gêneros já consolidados, a música "Me leva" composta por Hervê Cordovil e lançada em disco por Ivon Curi e Carmélia se destacou. A partir daí, na década de 1950, Carmélia interpretou grandes sucessos do baião como "Trepa no Coqueiro" (Ari Kerner, 1950), "Sabiá na gaiola" (Hervê Cordovil, 1950) e "Cabeça inchada" (Hervê Cordovil, 1951).
Na época foi apelidada de Rainha do Baião pelo amigo Luiz Gonzaga, com quem fez o show histórico no Teatro João Caetano no projeto "Espetáculo das Seis e Meia", que deu origem ao disco "Luiz Gonzaga & Carmélia Alves", gravado ao vivo em 1977. Lançou mais de 40 Lps e, além de cantar, também participou dos filmes "Tudo Azul" (1952), "Agulha no palheiro (1953) e "Trabalhou bem, Genival" (1955). Em 2008, sua trajetória foi retratada em "As cantoras do rádio", dirigido pelo crítico musical Ricardo Cravo Albin.
Desde 2010, vivia no Retiro dos Artistas, assim como sua companheira da época das "Cantoras do rádio" Carminha Mascarenhas, que morreu no início deste ano. Carmélia sofria de Alzheimer e morreu na noite de sábado, aos 89 anos, vítima de complicações cardíacas, no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá, onde estava internada havia 20 dias.




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